O milionário norte-americano Bill Gates advertiu que o Reino Unido será um lugar “significativamente menos atraente para fazer negócios e investir” se sair da União Europeia (UE), numa carta publicada esta sexta-feira no jornal The Times.

Gates, fundador da Microsoft e filantropo que, no passado, investiu mais de mil milhões de dólares em diferentes projetos no Reino Unido, sublinhou a importância para qualquer empresa de estar num país com acesso ao mercado único europeu e influência na tomada de decisões em Bruxelas.

“Os investimentos no Reino Unido fazem sentido pelos ativos que tem, como as excelentes universidades com um grande legado em ciência e inovação, empresas líderes na área da saúde como a GlaxoSmithKline e acesso ao mercado único”, escreveu.

“Embora seja uma questão que cabe ao povo britânico decidir, é claro para mim que se o Reino Unido decide ficar fora da Europa será um lugar significativamente menos atraente para fazer negócios e investir”, acrescentou.

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Gates refere concretamente que um ‘Brexit’ tornaria mais difícil recrutar os melhores talentos do continente e “mais difícil angariar o financiamento necessário para bens públicos como novos medicamentos e soluções acessíveis de energias limpas”, para o que são necessários “o nível de cooperação, partilha de conhecimento e apoio financeiro que a força combinada da UE permite”.

Gates sublinhou também no texto a capacidade negocial do Reino Unido na UE e a sua influência em “debates decisivos”.

“A Europa é mais forte com o Reino Unido dentro e o Reino Unido é mais forte, mais próspero e mais influente como membro da União Europeia”, concluiu.

A intervenção de Gates com vista ao referendo de quinta-feira sobre a permanência do Reino Unido na UE coincidiu com a publicação pela consultora Charterhouse Research de uma sondagem segundo a qual 62% das grandes empresas (com uma faturação anual superior a 25 milhões de libras, ou 32 milhões de euros) acreditam que o ‘Brexit’ prejudicaria a economia.

Uma saída da UE preocupa menos os empreendedores e as pequenas empresas, segundo o mesmo estudo, que concluiu que apenas 34% das empresas com uma faturação anual inferior a 100 mil libras anuais (127 mil euros) considera que o ‘Brexit’ seria contraproducente.