Portugal é um dos países europeus onde as empresas recebem com maior atraso, após a data de vencimento das faturas, com o Estado a liderar os atrasos nos pagamentos, revela um estudo divulgado esta sexta-feira pela Intrum Justitia.

No relatório Europeu de Pagamentos 2016, a consultora sueca conclui que “os atrasos de pagamento continuam a causar graves problemas de liquidez para as empresas portuguesas” que aguardam, em média, 45 dias para receber o pagamento por parte dos seus clientes particulares, 68 dias dos clientes empresas e 76 dias do setor público.

O relatório, que se baseia num inquérito realizado junto de 9.440 empresas na Europa, entre as quais 460 empresas portuguesas, revela que 33% das empresas nacionais diz que poderiam contratar mais colaboradores se os seus clientes pagassem mais rápido, o que levaria ao aumento dos postos de trabalho.

Mais de metade das empresas portuguesas inquiridas (52%) afirma que os atrasos de pagamento têm um impacto “médio-alto para o crescimento do negócio”, sendo que a principal causa dos atrasos de pagamento são as dificuldades financeiras (91%), seguida dos atrasos de pagamento intencionais (51%).

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O estudo da Intrum Justitia revela ainda que 32% das empresas em Portugal prevê um aumento do risco de mora este ano, contra 25% em 2015, com 62% das empresas a considerar que “o risco vai manter-se estável”.

O relatório destaca igualmente que 77% das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas já aceitaram condições de pagamento mais dilatadas que o habitual e 19% afirmam que o pedido foi feito por uma grande empresa ou multinacional.

Quando questionadas acerca das medidas que tomam quando um cliente pede um prazo de pagamento mais dilatado, 56% das pequenas e médias empresas nacionais admitem propor planos de pagamento, havendo quem considere oferecer um desconto como alternativa (10%).

No entender do Diretor-geral da Intrum Justitia, Luís Salvaterra, “a resolução do problema dos atrasos nos pagamentos seria uma oportunidade para milhões de europeus no que respeita à criação de postos de trabalho”.

Mas “ao invés disso, estamos perante um cenário onde as grandes empresas estão a forçar as PME a dilatar os prazos, empresas estas mais dependentes de pagamentos rápidos, menos protegidas contra os maus pagadores e menos propensas para aumentar os investimentos, em comparação com as empresas de maior dimensão”.

Luís Salvaterra reforçou ainda que “uma grande parte destas pequenas e médias empresas não usam garantias bancárias nem seguro de crédito ou outro qualquer mecanismo para se protegerem destas situações, ao contrário das grandes empresas”, o que agrava “a discrepância e ilustra a vulnerabilidade das PME nacionais”.

O estudo revela, por fim, que Portugal, juntamente com a Itália, Espanha e a Grécia são os países onde as condições de pagamento são mais dilatadas entre as empresas e que Portugal, Itália e a Croácia são os três países onde as empresas recebem com maior atraso após a data de vencimento das faturas.