“Nunca ninguém na história do futebol combinou tanta grandeza como jogador com tanta tontice como pessoa”, afirmou John Carlin, jornalista de política e desporto inglês, sobre Cristiano Ronaldo.
Num artigo intitulado “Cristiano: a grandeza, a tristeza e o ridículo” publicado este domingo no El País, Carlin parte de um comentário feito depois do jogo com a Islândia para criticar a personalidade do jogador.
Após o empate contra a Islândia no Europeu 2016, Cristiano Ronaldo afirmou que a equipa islandesa tinha uma “mentalidade pequena” e que não iria “fazer nada na competição”.
Carlin justifica que a “mentalidade da seleção islandesa esteve de acordo com as suas possibilidades. E quanto a isso, não há nada a fazer”. O jornalista explica ainda que para a Islândia o simples facto de ter chegado pela primeira vez à fase final de um grande torneio já era “uma vitória suficiente”. Pelo contrário, para uma seleção como a de Portugal “a ambição tem de ser vencer o Europeu”.
O jornalista passa então a atacar o jogador do Real Madrid, começando por afirmar: “O Ronaldo não percebeu. Quem tem mentalidade pequena é ele”. Carlin acrescenta depois que “nunca ninguém na história do futebol combinou tanta grandeza como jogador com tanta tontice como pessoa”.
Carlin acrescenta que Ronaldo é a prova viva de que se pode ser “rico, bonito, famoso e até ser considerado o segundo melhor jogador do mundo e, ao mesmo tempo, ser um tipo pobre” e que o jogador nascido na Madeira “não é feliz”, apesar dos carros e das supermodelos de que se rodeia.
O jornalista tenta então arranjar uma justificação para este comportamento do jogador, explicando que “a culpa não é dele” e que a história da sua vida pede “compreensão e perdão”. “O pai dele foi um alcoólico” e morreu quando Ronaldo tinha 20 anos e “a figura paternal foi usurpada por um grupo de abutres cujo único interesse era tirar a maior fatia económica dos seus sucessos”. Carlin continua afirmando que “ninguém teve a bondade de lhe colocar os pés na terra, teve falsos aduladores”.
O artigo convida ainda o leitor a ver o documentário Ronaldo, um “monumento cinematográfico ao frágil narcisismo” do jogador.
Carlin termina o artigo afirmando: “Coitado. Debaixo desse corpo de Adónis superestrela o que há é, efetivamente, um puto malcriado”.
Ronaldo, a “força em declínio”
Já um texto publicado este domingo no blogue desportivo do The Guardian não poupa nas críticas a Cristiano Ronaldo. O jornalista Jamie Jackson, correspondente desportivo do jornal britânico, defende que Ronaldo, “no Euro 2016, é uma força em declínio”.
“Aos 31 é compreensível”, diz o texto. De acordo com o jornalista britânico, Ronaldo está a entrar na zona final da carreira, e o penálti falhado é a “derradeira prova”.
O jornalista considera que até nos jogos de maio contra o Manchester City e o Atlético de Madrid, Ronaldo foi “periférico”.
“O sorriso de ídolo e o físico de Tarzan” dão a Ronaldo o “número um” fora do relvado, onde é muito superior a Messi. Mas o argentino “mantém-se a figura central nos jogos, por causa do seu jogo e não por causa da sua reputação”, defende Jackson.
Ronaldo acabou assim por celebrar o recorde de internacionalizações com um mau resultado, e Jamie Jackson aproveita a deixa para rematar: “O recorde de Portugal após dois jogos é nenhuma vitória, um golo, dois empates e dois pontos, e vão a Lyon na quarta-feira sabendo que a vitória é obrigatória”.
O texto termina afirmando que os jogadores portugueses ainda podem acreditar que é possível, mas com uma última crítica a Ronaldo. “No nível pessoal que parece sempre ter guiado Ronaldo, parece que os melhores tempos já passaram. CR7 ainda é a mais hipnótica das personagens, mas por razões diferentes agora. A atividade secundária de Ronaldo está a tornar-se no evento principal”, conclui o jornalista Jamie Jackson.