O Bloco de Esquerda rejeitou o modelo proposto para a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Para os bloquistas, de resto, o único objetivo do PSD é, como desconfiavam, “usar o Parlamento para prejudicar a recapitalização da Caixa e para encontrar uma forma de a adiar”. “O Bloco rejeita este puro jogo político”, atirou Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do partido, em conferência de imprensa.

Os bloquistas reiteram que é urgente esclarecer como é que o banco público chegou até aqui, com mais de 2,3 mil milhões de euros de empréstimos em risco de não serem pagos. Mas, ainda assim, o processo de recapitalização do banco não pode ser colocado em causa.

Ora, é aí que Bloco e PSD divergem. No texto sobre o objeto da investigação da comissão de inquérito à CGD que o PSD levou ao Bloco de Esquerda no domingo, poder ler-se no primeiro ponto que é preciso “avaliar o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos que está a ser preparado e negociado pelo atual Governo com as instituições, incluído as efetivas necessidades de injeção de fundos públicos e alternativas possíveis“.

“[Este texto] confirma as nossas piores expectativas. A proposta do PSD visa criar obstáculos à recapitalização, fragilizar a Caixa e facilitar a manobra das instituições europeias contra o direito do Estado português a proteger e capitalizar o banco público”, afirmou o líder parlamentar do Bloco.

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Os bloquistas vão, por isso, avançar com um projeto de resolução, exigindo, junto do Governo, a realização de uma auditoria forense aos “grandes empréstimos realizados pela Caixa desde 1996“. “É a única resposta eficaz e em tempo útil no quadro da recapitalização às questões que se levantam sobre créditos ruinosos concedidos nos últimos anos”.

Uma auditoria forense, justificou Pedro Filipe Soares, permitiria dar “condições de investigação” e de “acesso aos dados” que uma comissão de inquérito não permitiria.

O Bloco de Esquerda desafiou ainda António Costa a revelar, no Parlamento, os resultados das auditorias realizadas pelo Banco de Portugal à gestão da Caixa.