Cerca de duas centenas de trabalhadores da Randstad Portugal, que asseguram os serviços de ‘call center’ da EDP, manifestaram-se em frente da sede da empresa, em Lisboa, para exigirem um aumento salarial de 30 euros por mês.

“Estamos aqui a manifestarmo-nos porque reivindicamos um aumento salarial de um euro por dia, isto é, 30 euros por mês, a fixação de um subsídio de refeição de seis euros e a aceleração da progressão nos escalões profissionais”, disse à agência Lusa a dirigente do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas (SIESI) Anna Romão, lamentando que a administração tenha “voltado com a palavra atrás” após ter vencido o novo concurso de prestação de serviços para a EDP.

“Ao longo de vários meses estivemos a discutir os aumentos salariais com administração e disseram-nos que este dependeria do aditamento ao contrato com a EDP. Mas voltaram com a palavra atrás em relação a algumas ofertas iniciais que estavam sob a mesa”, disse a dirigente sindical.

Anna Romão referiu ainda que a administração quer dar “um euro por mês aos trabalhadores do último escalão e nove euros para os que estão no escalão intermédio, com um aumento de poucos cêntimos do subsídio de alimentação, que passará para os seis euros”.

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Já a Randstad não se revê na posição assumida pelo sindicato, apesar de considerar “ter sido positivo todo o processo de negociação”, refere a empresa num comunicado enviado à Lusa.

“A Randstad segue e promove as melhores práticas no trabalho de ‘contact centres’, tanto ao nível das condições proporcionadas aos colaboradores como na retribuição salarial”, explica a empresa, realçando que “a proposta de atualização salarial apresentada representa um aumento global acima da média do mercado, o que permitirá fazer chegar aos colaboradores um acréscimo na remuneração, ímpar no nosso setor”, afirma.

Segundo o SIESI, os trabalhadores da empresa recebem no primeiro escalão o salário mínimo nacional (atualmente em 530 euros), no segundo escalão 571 euros e no último escalão 654 euros de salário base, valores a que acresce 5,4 euros de subsídio de alimentação.

“É uma afronta para os trabalhadores uma empresa que ganha milhares de euros de lucro vir oferecer apenas três cêntimos por dia, que é isso que representa o aumento salarial”, lamentou responsável sindical.

“Estamos em greve hoje e na terça-feira e reclamamos aumentos salariais, pois o último aumento que a empresa fez foi em 2012”, explicou à Lusa a sindicalista, precisando que o acréscimo então realizado foi de nove euros.

“Desde 2011 não obtivemos qualquer outro tipo de aumento salarial”, disse Anna Romão, que afirmou ainda que os trabalhadores da empresa reivindicam ter equivalência salarial aos que trabalham na EDP e serem abrangidos pelo acordo de empresa.

“Não vamos desistir e vamos continuar a lutar por aumentos dignos. Agora faremos esta greve de dois dias e vamos definir outras formas de luta, entre outras, sensibilizar os grupos parlamentares para esta situação”, salientou.

A greve de dois dias dos trabalhadores da Randstad Portugal afetou, nomeadamente, “os serviços de atendimento, faturação, reclamações e de reparação de avarias dos clientes da EDP”, disse à Lusa Anna Romão, sem fazer, para já, um balanço, adiantando que o protesto “poderá provocar significativos atrasos” na reposição de energia elétrica a particulares que registem falhas no fornecimento.