O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que Portugal está unido no acolhimento de refugiados e defendeu que não há falhas por parte das autoridades portuguesas. O chefe de Estado falava no final de uma visita de mais de duas horas ao Centro de Acolhimento do Conselho Português para os Refugiados (CPR), na Bobadela, no concelho de Loures, por ocasião do Dia Mundial do Refugiado.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou a presença nesta visita dos ministros Adjunto, Eduardo Cabrita, e da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, do presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, e do Provedor de Justiça, José de Faria Costa. “Estamos todos unidos em Portugal em relação aos refugiados. Portugal pensa, sente a uma só voz. Estamos juntos, e o povo português está junto, connosco. Estamos todos juntos recebendo-os, acolhendo-os como nossos irmãos”, declarou.

“Temos o senhor presidente de Câmara, que vai dar terreno para duplicar este centro. E isso merece aplauso”, referiu, pedindo palmas para o ex-líder parlamentar do PCP.

Perante dezenas de refugiados e trabalhadores deste centro de acolhimento, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “No nosso coração não há um dia dos refugiados. Todos os dias são dias dos refugiados”. “Todos nós podemos ser refugiados um dia, e todos por isso compreendemos”, prosseguiu.

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Marcelo tirou inúmeras fotografias com os refugiados do centro e até prometeu a um deles, palestino, que visitaria a Palestina no fim do mandato. “Depois até combinamos um dia, quando regressar lá, diz-me e eu talvez vá consigo. Daqui a cinco anos já não sou Presidente, posso ir consigo”, disse Marcelo. Quando o trabalhador protestou que queria ver o professor de Direito em Belém por dez anos, o Presidente riu-se. “Isso vê-se. Isso depois vê-se.”

Pouco depois, perguntou a alguns refugiados qual era a palavra que preferiam na língua portuguesa. “Liberdade”, disseram-lhe.

O Presidente da República disse ainda que, tendo em conta a população, Portugal é “o país da Europa que recebe mais refugiados nesta experiência europeia”.

“Acontece aqui em Loures, mas acontece em todo o país. Não há um lugar do país em que não estejamos todos de acordo. Nós gostamos de vocês, nós sabemos que estão a gostar de nós, vamos juntos construir um futuro com mais paz, com mais justiça entre as pessoas e os povos”, concluiu.

Questionado sobre o facto de Portugal ter recebido até agora um número de refugiados aquém do previsto, o chefe de Estado respondeu: “Da parte de Portugal não está a falhar nada, porque Portugal está disponível para receber mais e vai receber mais, e vamos duplicar nos próximos meses”.

Segundo o Presidente da República, “tem havido algumas dificuldades no encaminhamento para Portugal”, alheias às autoridades portuguesas.

“Da parte portuguesa, o esforço que está a ser feito não tem tido problemas. Tem havido problemas na origem dos que para cá vêm, não tem havido problemas à chegada”, reforçou.

Marcelo Rebelo de Sousa foi também questionado sobre casos de refugiados que foram acolhidos em Portugal e desapareceram, e foi aplaudido ao responder que Portugal é “um país livre” e “não é um Estado policial”.

“Pode haver um ou outro caso de pessoas ou de famílias que estão em movimento em Portugal, porque nós somos um país livre. Acolhemos os refugiados, mas não controlamos os refugiados. Isto não é um Estado policial”, respondeu.