São João pode nem sequer ser o padroeiro oficial do Porto, mas é ele quem tem direito a feriado e à maior festa da Invicta. Na quinta-feira, quando o sol se começar a pôr, milhares de pessoas vão encher o centro histórico para dançar grandes êxitos de música popular nos muitos bailaricos. O cheiro a sardinha assada vai entrar por muitos narizes adentro e o som dos martelinhos de plástico vai ser a banda sonora principal, só abrandando à meia-noite, para se ver o espetáculo de fogo-de-artifício musicado com toda a atenção. Os símbolos da festa já se conhecem. Mas onde é que se pode usufruir melhor de tudo isto? O espírito festivo apoderou-se de nós e, de manjerico ao lado do teclado, partilhamos alguns locais onde se pode viver o melhor do São João.

1 – As sardinhas

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São as rainhas de qualquer festa portuguesa de Santos Populares e, na noite de São João, até restaurantes onde só se come carne instalam à porta um braseiro para servir o peixe azul, com pimentos a acompanhar. A maior parte das pessoas não teme a confusão e dirige-se para a Ribeira e para o Cais de Gaia, mas há outras opções.

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Por esta altura já está quase tudo reservado, mas o restaurante do Tattva Design Hostel (Rua do Cativo, 26-28, Baixa), ainda aceita marcações para o menu de chouriço assado, azeitonas e tremoços, sardinha assada, febras grelhadas, saladas, broa de milho, caldo verde e buffet de sobremesas. Tudo por 25€, com as bebidas incluídas e bom ambiente no terraço. No final, há lançamento de balões de São João.

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O chefe Cordeiro abriu as portas do Blini a 21 de junho. (foto: © Divulação)

Quem procura um ambiente mais requintado vai ter dificuldades extra, uma vez que restaurantes como o Vinum, das caves Grahams, ou o Barão de Fladgate, das caves Taylor’s, há muito que estão lotados, pela vista que oferecem. Yeatman então, nem pensar. Mas há uma surpresa: o chefe Cordeiro abriu esta terça-feira a marisqueira Blini (Rua General Torres, 344, Vila Nova de Gaia) e ainda não tem a sala cheia. Depois do repasto, o melhor é ficar para ver o fogo-de-artifício, já que o rio e a Ponte D. Luís I estão no horizonte.

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As sardinhas comem-se de pé, em convívio com toda a gente, como um bom bailarico deve ser. No Guindalense, a vista é desafogada. (foto: © Divulgação)

Uma das melhores opções é, sem dúvida, O Guindalense. A sede do clube fica situada na Escada dos Guindais, tem dois pisos e uma vista privilegiada sobre o rio, o que quer dizer que, para além de comer e beber, o cliente já fica posicionado para ver o tradicional fogo-de-artifício. Ao contrário de edições anteriores, em que tudo já estaria reservado há mais de um mês, este ano O Guindalense não aceita reservas. É chegar, agarrar nas sardinhas e nos pimentos, aproveitar a animação e não temer grandes ajuntamentos (vai encher, é certo). Também não haverá mesas, tornando o ambiente num bailarico praticamente privado. O preço da dose das sardinha é que ainda não se sabe. “O presidente anda não nos comunicou”, dizem-nos ao telefone. Mas os valores ali são sempre muito amigos da carteira.

2 – O fogo de artifício

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Por falar em fogo-de-artifício, ao soar das 12 badaladas o céu sobre o rio Douro e a Ponte D. Luís I sofre o efeito inverso da Cinderela e fica ainda mais bonito. Este ano, o espetáculo piromusical (de acordo com a Câmara Municipal do Porto, vai custar 54.900 euros e a despesa será dividida com a autarquia de Vila Nova de Gaia) vai durar 16 minutos. Promete-se uma viagem pelo rock nacional e internacional, começando com “Thunderstruck” dos AC/DC, seguido de Pink Floyd, Scorpions, Guns N’ Roses, Rolling Stones e Queen, e terminando com a “Minha Casinha”, dos Xutos e Pontapés.

Mais uma vez, quem não for claustrofóbico pode ir para a Ribeira ou para o Cais de Gaia, os melhores locais públicos para ver o fogo, a seguir aos barcos que estão no rio (todos esgotados por esta altura). A Sé do Porto vem em terceiro lugar nas escolhas, ideal para quem gosta de ver o espetáculo mais próximo das alturas.

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O espetáculo pirotécnico vai prolongar-se por 16 minutos e o fogo vai dançar ao som do rock. (foto: © Câmara Municipal do Porto)

Quem preferir um ambiente mais calmo pode subir ao 17.º, o restaurante e bar do Hotel Dom Henrique Downtown. As reservas para a refeição já foram todas feitas, mas o bar ainda tem espaço na agenda para quem procura “muita animação, vistas esplêndidas sobre a cidade e o céu mais iluminado do ano, um ambiente acolhedor, festivo e de referência”, como prometem os responsáveis. O DJ residente Ricardo Amorim vai estar de serviço.

3 – Os bailaricos

Parece que músicas como “O Melhor Dia Para Casar” ou “Baile de Verão” foram feitas a pensar nesta altura. Os elitismos musicais têm de ficar em casa porque, em noite de São João, quase ninguém resiste a dançar ao som da chamada música pimba ou a entrar no comboio de gente que se forma assim que começa a tocar o acordeão de Quim Barreiros. Há bairros que têm uma banda em palco a tocar estes e outros sucessos, com as Fontainhas à cabeça. Quem tiver Banda Lusa ou Diapasão no seu bairro ganha.

Nos Arcos de Miragaia há sempre festa, assim como em Massarelos e no Largo de Nevogilde. A Praça D. João I tem palco montado e carrinhas de comes e bebes há já alguns dias. Quem se quer distanciar um pouco do centro tem na Rotunda da Boavista uma boa opção, com vários divertimentos para crianças.

4 – Os martelinhos

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Seja pequeno, de tamanho respeitável ou assustador, o que interessa é ter um. Os martelos de plástico que as pessoas levam na noite de São João para bater na cabeça de desconhecidos são a imagem de marca da festa no Porto, ainda que não conste que São João Baptista andasse a bater com tal objeto em cabeças alheias.

Quem não tem um não precisa de ir a correr comprar, pois vão estar à venda em cada esquina. Os interessados no trajeto clássico de batidelas podem partir dos Aliados e descer até à Ribeira. A partir da uma da manhã, é começar a caminhar em direção à Foz, como fazem milhares de resistentes. Pelo caminho há que contar com algumas marteladas na cabeça, barracas de farturas e música — há sempre bailarico no coreto do Passeio Alegre.

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A largada de balões de fogo é uma das atividades favoritas da festa. Quem quiser aprender deve dirigir-se ao Espaço Maus Hábitos. (foto: © Pedro Figueiredo / CMP)

5 – Os concertos

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Os Xutos e Pontapés são o nome maior da noite, ao darem o habitual concerto gratuito na Avenida dos Aliados, pela 01h00. Antes, às 22h30, sobe ao palco a dupla de DJs Freshkitos, para aquecer a multidão e fazer da sala de visitas da cidade uma pista de dança.

O Mercado Bom Sucesso promete DJ sets a partir das 18h00 e até à meia-noite, com interrupção às 21h30 para um concerto da banda Sonjovem.

Já a zona Oriental da cidade ganhou este ano um palco em Campanhã, com divertimentos e uma série de espetáculos ao vivo, na Estação de Recolha dos STCP de São Roque.

Para sons mais sinfónicos, a Casa da Música organiza o tradicional concerto de São João, às 22h00, com a Banda Sinfónica Portuguesa. Os sons serão mais festivos e até haverá uma gaita-de-foles em palco. A entrada é gratuita, mas é preciso levantar bilhetes antes.

6 – Os balões

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Este ano, o São João faz-se com temperaturas quentes de verão. Tantos balões de fogo a voar nos céus podem fazer temer o pior no que toca a incêndios, mas confiemos que tudo correrá pelo melhor: quem quiser ver uma largada de balões pode fazê-lo às 23h45 no Mercado Bom Sucesso, por exemplo.

Quem gostava de fazer uma largada de balões, mas não sabe como se faz, tem na 3.ª edição do projeto São João Baloeiro a solução. O Espaço Maus Hábitos (Rua Passos Manuel, 178) tem workshops até quinta-feira e, na grande noite de São João, vai largar 250 balões para o céu, entre a meia-noite e as duas da manhã, em frente à Câmara Municipal. Vale a pena passar por lá.

Se nenhuma destas sugestões lhe enche as medidas, o melhor é consultar o programa completo das festas de São João.