O governo francês vai autorizar uma manifestação contra a reforma da lei laboral a decorrer na quinta-feira em Paris após a ter proibido inicialmente, disseram os sindicatos.

A manifestação realizar-se-á “num percurso proposto pelo ministro do Interior”, em apenas 1,6 quilómetros entre a praça da Bastilha e os cais do Sena, disse Philippe Martinez, dirigente da confederação sindical CGT, numa conferência de imprensa.

O encontro com os jornalistas decorreu pouco depois de discussões tensas com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

Se tivesse sido mantida, a proibição seria a primeira desde há décadas. Em 1962, um desfile pela paz na Argélia, organizado pelo partido comunista com a participação da CGT, foi interdito e duramente reprimido, tendo morrido nove pessoas.

A ameaça da proibição era evocada há vários dias pelo presidente François Hollande e pelo primeiro-ministro Manuel Valls, na sequência dos incidentes violentos à margem de uma manifestação no dia 14 de junho.

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Quarenta pessoas ficaram feridas, entre as quais 29 polícias, e 44 foram detidas na manifestação em Paris, que segundo a polícia juntou um máximo de 80.000 pessoas e segundo a CGT reuniu 1,3 milhões de manifestantes.

Desde março que a reforma sobre a lei laboral está no centro de uma viva, e por vezes violenta, contestação.

As greves já fecharam a Torre Eiffel e interromperam ligações de transportes, têm perturbado fortemente os transportes aéreos e ferroviários e já causaram falta de combustível e fizeram o lixo amontoar-se nas ruas de Paris.

Para a nova jornada de mobilização contra a lei do trabalho na quinta-feira estão previstas manifestações e greves um pouco por todo o país.

Os sindicatos também já convocaram outro protesto para a próxima terça-feira, dia 28 de junho, na capital francesa.

A reforma laboral apresentada como um modo de flexibilizar o mercado de trabalho e reduzir o desemprego é vista pelos manifestantes como conduzindo a mais precariedade.

Atualmente em análise no Senado, o controverso projeto de lei foi aprovado na Assembleia Nacional sem discussão através de um voto de confiança do governo.