Em Amoreira da Gândara (Anadia) está instalada uma empresa que exporta para 56 países: a Nexxpro. O design inovador e o pioneirismo na conceção de capacetes de motociclismo urbano, tornaram o negócio fundado por Hélder Loureiro sustentável e resiliente.

O crescimento médio anual está fixado nos 20%, mas os picos de produção e vendas já chegaram a atingir os 42% (2012). Segundo o CEO da empresa, “o caminho não foi fácil, mas a marca já é reconhecida entre as melhores do mundo.” A aposta numa marca própria – a Nexx Helmets – e o branding para algumas empresas de renome, como a Hugo Boss, valorizam os produtos que colocam no mercado.

“Todos os anos temos, no mínimo, um produto novo. Trabalhamos muito em I&D [investigação e desenvolvimento] e temos uma rede comercial ampla e muito eficiente”, explica Hélder Loureiro. Há dois anos, começaram a entrar na “Indústria 4.0” (conceito que implica o uso de ferramentas digitais nas linhas de produção e na gestão diária do negócio). “A troca de informação em tempo real e a rapidez dos processos tornam-nos uma empresa ainda mais global, como queremos que os produtos continuem a ser”, diz.

As consequências da pouca ambição inicial

“Quando criei a empresa, já tinha trabalhado cinco anos noutra, mas queria outro projeto. O comércio nacional era complicado, mas lá fora já sabia por onde ir. Como o motociclismo já era uma paixão antiga, entrei no ramo”, recorda o empresário.

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Os primeiros anos do negócio não deixaram boas memórias. Segundo Hélder Loureiro, foram “más surpresas e um choque financeiro por falta de ambição”. Logo de início, começaram a aprender com os erros: “Quisemos começar pequenino e não conseguíamos dar resposta a tanta procura. Não conseguíamos produzir, tendo em conta a nossa dimensão e não haver ninguém que conhecesse soluções.”

A solução foi mudar de estratégia. “Em 2003, apostámos no mercado urbano. Não havia nenhum produto este nicho. Dizia-se que era só [o capacete] ‘preto e redondo’. Tivemos o apoio de um cliente, desenhámos um modelo e foi um sucesso”, explica. No ano seguinte, com novas instalações e uma visão mais realista, deram “o salto”.

Internacionalizar a marca desde o início

“Foi pena não termos, na altura, outra dimensão. Se fosse como estamos organizados agora, era espetacular”, revela Hélder Loureiro. A evolução foi rápida. Em termos de mercados, a Nexxpro exporta para 56 países, com destaque para os “big five (Holanda, França, Espanha, Alemanha e Itália).

Os últimos produtos têm tido muito sucesso, com a empresa a captar “60 a 70% do mercado dos capacetes de motociclismo urbano”. Apenas 20% da produção da marca não está classificada como “topo de gama” e o design próprio tem trazido uma notoriedade crescente. Mesmo com a atenção da concorrência. “Quando arrancámos a sério, começaram a aparecer cópias do que nós fazíamos. Mas isso faz parte do sucesso”, explica o empresário.

Helder

Hélder Loureiro, fundador da Nexxpro

Mesmo com novas parcerias, o mais importante é “não retirar recursos à Nexx”, mantendo a marca ao nível de quaisquer outras de topo. Com a estrutura mais consolidada, Hélder Loureiro mantém a aposta na vertente global dos capacetes que saem da fábrica de Anadia. “Procuramos ter sempre mercados distintos para equilibrar, no caso de algum apresentar piores resultados. Neste momento, a grande aposta é a Nexx America”, avança.

Do outro lado do Atlântico, estão a ser lançadas as bases de um mercado com enorme potencial, mas que, segundo Hélder, “pode ser complicado”. No entanto, não há pressas. “É um projeto a quatro anos e vamos adaptando. Não fomos no escuro: comprámos os ativos da antiga distribuidora da marca no mercado norte-americano, já temos lá [em Nova Iorque] uma pessoa e vamos adaptando de acordo com as necessidades”, explica. Além disso, “são seis horas de viagem”.

Manter Portugal como a base de operações

Para uma empresa em que o mercado nacional representa apenas 6% do volume de negócio, Portugal continua a ser muito importante “por causa do apoio e da proximidade”. Segundo Hélder, “é um mercado amigo, até pela rapidez de feedback. Os donos das lojas de motociclismo, alguma questão para brainstorming, críticas imediatas… Ninguém pode perder estas valências”.

Por outro lado, a deslocalização não é uma opção viável. Na empresa trabalham atualmente 200 pessoas e, “mesmo mudar 10 ou 20 km” o local de produção, “já ia fazer mossa”. “É uma indústria com uma mão-de-obra intensiva e muito técnica, em que precisamos das pessoas certas no trabalho certo. Pensar em mudar de instalações ia afetar, pelo menos, 10% da força laboral. Não faz sentido”, explica o empresário.

Assim, a empresa continua a “seguir a filosofia de sempre”, com um novo produto todos os anos e design inovador. Quanto à fábrica, está prevista a ampliação de instalações na mesma zona. Como resume Hélder Loureiro: “É uma questão de com o mesmo espaço fazermos mais”.