Foi em Chaves. A 20 de agosto de 2003.
Cristiano Ronaldo tinha-se estreado (e partido a loiça toda, diga-se) pelo Manchester United quatro dias antes, frente ao Bolton. Luiz Felipe Scolari convocou-o para a seleção — não pelo (pouco) que fez nos Red Devils, mas pelo muito que fez na pré-época do Sporting. Começou no banco, contra o Cazaquistão. Mas Scolari chamá-lo-ia ao intervalo para entrar. Aos 46′, saiu Luís Figo, entrou Cristiano Ronaldo. Era a primeira internacionalização de muitas. Seguir-se-iam mais 129 até esta quarta-feira, quando capitaneou Portugal frente à Hungria. Mas isto, sendo um recorde, não é propriamente uma novidade: às 127 internacionalizações, Ronaldo igualou Luís Figo e, às 128, ultrapassou-o como o mais internacional de sempre por Portugal.
Cristiano Ronaldo só marcou o seu primeiro golo pela seleção ao fim de cinco internacionalizações. O que não é de estranhar: o rapazinho de 19 anos não era ainda o goleador que é hoje aos 31. Por falar em primeiro golo, foi durante o Euro 2004, na estreia de Portugal frente à Grécia. Haveria de marcar mais 60 golos, dois deles contra a Hungria esta quarta-feira. Recorde? Não. Ou melhor, já foi. Aos 42 golos ultrapassou Eusébio, e aos 47 Pauleta. Recorde, recorde, foi o que caiu ontem à tarde: Ronaldo leva já 11 golos em fases finais (Mundiais e Europeus), sendo por isso o melhor marcador de sempre de Portugal, ultrapassando os nove de Eusébio.
O desafio não é mais para Ronaldo. Ele fez o que tinha de fazer: marcou. O desafio é para as gerações que hão de vir: 60 golos são quase inatingíveis. E ainda está a “contagem” a decorrer, provavelmente com mais uma fase de apuramento, um Mundial e alguns amigáveis para picar o ponto.
Ainda a propósito de golos, Cristiano Ronaldo bateu um recorde e está próximo de bater outro. Desde logo, é o primeiro futebolista a marcar em quatro Europeus – e começou a molhar a sopa, como se sabe, em junho em 2004. Até ver, entre o Euro “português” e este, em França, Ronaldo marcou oito golos. Está a um do melhor registo de sempre na competição, que é de Platini. O gaulês marcou nove. Só num ano: em 1984.
E jogos? Sim, também há recorde nos jogos. Ao 17.º jogo, Ronaldo tornou-se no futebolista com mais encontros disputados em Europeus até hoje. Atrás dele, só “lendas”: Lilian Thuram e Edwin van der Sar, ambos com 16 jogos, e Iniesta, com 15. Os dois primeiros não podem jogar mais, pois retiraram-se; o segundo vai por certo retirar-se de Europeus com o de 2016. É ver quem vai mais longe, se o espanhol ou o português.
É tudo? Não. Ronaldo participou em sete fases finais: quatro Europeus, três Mundiais. E marcou em todas elas. Nunca ninguém o tinha conseguido. E agora, é tudo? Não, nem pensar. Não com o “papa-recordes” Ronaldo. Entre portugueses, com o 7.º golo em Europeus, passou a ser o melhor marcador de sempre na prova organizada pela UEFA – Nuno Gomes tinha seis até aqui. Mas se olharmos para o plano internacional, Ronaldo marcou em todas as fases finais em que participou. Sete, portanto. O anterior recorde era de dois alemães, Klinsmann e Klose, que haviam marcado em seis.
Contas feitas, Platini que se “ponha a pau”. Contra os croatas há mais um recorde prestes a cair…