A City de Londres, a principal praça financeira da Europa, também ficou em estado de choque com o resultado do referendo, mas já está a preparar um plano para dar a volta aos efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia. Equivalência é o nome do jogo, segundo um documento produzido pelo City Uk, um grupo de lobby, citado pelo Politico, jornal americano de política.

Com a provável perda de direitos de livre circulação, um sistema que hoje permite aos bancos um acesso rápido ao mercado único, os grupos financeiros planeiam invocar a política europeia de vizinhança, que tem como objetivo reforçar as relações com países fora da União Europeia. A estratégia da City para manter Londres um centro financeiro importante aposta ainda em outros planos de ação:

  • Procurar manter o acesso ao mercado europeu durante o mais tempo possível enquanto são negociados acordos transnacionais.
  • Insistir na política dos direitos adquiridos de forma a assegurar que os bancos internacionais a operar em Londres não sejam excluídos durante anos. Esta condição será especialmente importante para os bancos americanos, uma vez que usam a capital britânica como o centro operacional para todo o mercado europeu.
  • Promover a harmonia de regras regulatórias em particular junto das instituições que regulam a banca, como o Comité de Basileia e o Financial Stability Board.
  • Dar prioridade aos serviços financeiros em acordos comerciais bilaterais com países da União Europeia.

O presidente executivo da City Uk, Chris Cummings, explica assim ao Politico a estratégia pró-europeia da indústria financeira. “Londres parte de uma posição forte, temos aqui mais bancos franceses do que a própria França. Além de que a cidade beneficia de uma certa reputação como um centro financeiro global”. Segundo este responsável, o setor financeiro vai tentar puxar pela ideia de que manter uma política de boa vizinhança com a Europa irá também ajudar outros países. Todos têm a ganhar em manter a porta aberta do mercado único ao Reino Unido.

Uma das reivindicações já assumidas publicamente por Marc Boleat, da City of London Corporation, é a manutenção de direitos de circulação. Mas o regresso dos passaportes é apontado como uma das baixas mais prováveis do Brexit, uma vez que a União Europeia precisa de uma resposta dura para travar uma eventual proliferação de saídas à inglesa.

O setor financeiro é um dos que mais tem a perder com o Brexit. E ontem chegaram a circular notícias, entretanto desmentidas, de que o banco americano Morgan Stanley se preparava para transferir os funcionários de Londres para Dublin ou Frankfurt. A capital da zona euro, onde fica o poderoso Banco Central Europeu, é apontada como a cidade que mais ganharia com a perda de importância de Londres.

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