A companhia aérea de baixo-custo britânica EasyJet advertiu que o “Brexit” vai ter impacto nas vendas na segunda metade do ano. A transportadora britânica antecipa que o resultado do referendo da passada quinta-feira vai criar incerteza na economia e entre os consumidores, diminuindo a receita em aproximadamente 5%, “pelo menos”, comparativamente ao período homólogo do ano passado.
EasyJet says French Airstrikes and Brexit vote will bring its profits down by £28m. #HeartNews pic.twitter.com/qKh66jyT0r
— Thames Valley News (@HeartThamesNews) June 27, 2016
As previsões indicam menos 28 milhões de libras (cerca de 33 milhões de euros) em lucros antes dos impostos no terceiro trimestre de 2016. E o aumento do preço dos combustíveis também deve representar um aumento dos custos da companhia aérea em 25 milhões de libras (cerca de 30 milhões de euros), noticia o The Telegraph. Os lucros da companhia low-cost também serão afetados pela greve dos controladores aéreos franceses do passado dia 23 de junho.
On Thu 23 June 2016 there is French strike. For up-to-date info pls use our Flight Tracker: https://t.co/cu6iHfDzXX pic.twitter.com/dCxgOoyNnm
— easyJet (@easyJet) June 22, 2016
Férias mais caras para os britânicos
Com o início da época de férias muitos britânicos vão sentir de imediato o preço do Brexit no aumento do custo das férias, desde o preço das reservas dos hotéis ao preço das tarifas aéreas, refere o Independent. Um dos fatores a fazer subir os preços é a desvalorização da libra esterlina, em especial, em relação ao euro mas também em relação a outras moedas como o dólar norte-americano.
The pound falls to $1.33 as #Brexit slump continues https://t.co/CMIG4JNo3S pic.twitter.com/3lZt0qvy6p
— Bloomberg (@business) June 27, 2016
O petróleo é cotado em dólares norte-americanos, o que faz subir o preço do combustível da aviação. A desvalorização de 12 por cento da libra esterlina vai fazer aumentar os custos para as companhias aéreas como a British Airways, Ryanair e EasyJet.
Será o fim das tarifas aéreas baratas para os britânicos?
A política de “céu aberto” é um dos benefícios mais tangíveis da adesão Reino Unido à União Europeia. Desde 1994, que qualquer companhia aérea da UE tem liberdade para voar entre quaisquer dois pontos na Europa o que favoreceu a concorrência entre companhia a baixa dos preços para o consumidor.
Este mercado único permitiu a companhias de baixo-custo como a EasyJet e Ryanair crescer e permitiu a companhias como a British Airways, a Air France e Lufthansa baixar os custos operacionais, e em consequência, fazer descer o preço das tarifas. Segundo o Independent, o preço de uma viagem de avião dentro da Europa custa, em média, cerca de metade daquilo que custava no início da década de 1990 e os para os passageiros com datas de viagem flexíveis, os preços podem ser ainda mais baratos.
Com a saída da UE, o Reino Unido ver-se-á obrigado a negociar outro tipo de acordo com os países que fazem parte da união económica europeia, com o intuito de conseguir vantagens para as companhias aéreas britânicas que lhes permitam manter-se competitivas. A British Airways e a Virgin Atlantic que operam voos transatlânticos para os EUA ao abrigo da pertença à UE vão também ter de estabelecer outro tipo de acordo com o país, provavelmente um acordo bilateral, o que se pode traduzir num aumento do preço final das tarifas aéreas para o consumidor.
No entanto, apesar desta incerteza ao nível de acordos futuros para as operações das companhias aéreas britânicas, o Reino Unido continuará a deter uma vantagem negocial muito competitiva, uma vez que Londres possui o terceiro maior hub — um aeroporto de referência em termos de transbordo de passageiros para voos de ligação — do Mundo, o aeroporto de Heathrow.