Três dos sete paraquedistas que seguiam na aeronave que caiu no Alentejo, há uma semana, foram projetados inconscientes e só sobreviveram graças à abertura automática dos paraquedas de emergência, disse à Lusa o responsável da investigação.

Segundo o diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), Álvaro Neves, após a desintegração da traseira da aeronave em pleno voo, os três paraquedistas foram projetados contra a estrutura da avioneta e “ficaram inconscientes antes de serem arremessados para fora, tendo sido salvos pela abertura automática dos paraquedas barométricos de emergência”, e os restantes quatro “conseguiram saltar e acionar manualmente os respetivos paraquedas”.

Já o piloto, um belga, de 27 anos, que morreu, “foi expelido em pleno ar do que sobrou da parte do cockpit da aeronave e caiu a cerca de 400 metros do local do impacto da cabine sem ter tido tempo de acionar o paraquedas”, lê-se numa nota informativa sobre o acidente publicada no sítio de Internet do GPIAA.

“A desintegração estrutural da aeronave em pleno voo é a hipótese primeira como causa principal do acidente”, reafirmou Álvaro Neves à agência Lusa, lembrando que quatro dos sete paraquedistas ficaram feridos, dois graves e dois ligeiros.

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Segundo a nota informativa, a aeronave, do modelo Pilatus PC6, operada pela empresa Aerovip, descolou, no passado dia 19, um dia claro, sem nuvens, com vento leve e temperatura por volta dos 32ºC, do Aeródromo de Figueira de Cavaleiros, no concelho de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, com oito pessoas a bordo, um piloto e sete paraquedistas, para um voo de instrução e treino de paraquedistas, descolando e iniciando uma subida para a altitude de 14.000 pés.

De acordo com o testemunho de um dos paraquedistas, refere o documento, durante a subida inicial, à razão de 1.000 pés por minuto, ao cruzar os 7.000 pés em subida, “começou a ser ouvido um ruído de partir/rasgar o metal, a aeronave foi “submetida a uma guinada instantânea de nariz em cima e, subitamente, toda a parte traseira da estrutura desintegrou-se”.

Segundo testemunhas no solo, a aeronave, no momento da desintegração, “começou a rodar no seu próprio eixo, dispersando os componentes numa zona arborizada de uma propriedade privada”.

A desintegração das restantes partes da aeronave “foi acontecendo até ao impacto final com o solo” e os fragmentos foram encontrados numa extensão de aproximadamente 1.500 metros numa faixa de cerca de 500 metros e estavam “muito dispersos, apresentando um alinhamento com a direção do voo, de oeste para leste”.

Segundo o GPIAA, a nota informativa tem “caráter provisório” e “apenas um resumo dos acontecimentos” e está sujeita a alterações durante o processo de investigação de segurança sobre as causas do acidente, o qual “não tem por objetivo o apuramento de culpas ou a determinação de responsabilidades, mas apenas a recolha de ensinamentos suscetíveis de evitarem futuros acidentes”.

A aeronave, com capacidade para 10 pessoas, tinha matrícula alemã e pertencia a um operador privado alemão, mas estava a ser usada pelo Grupo 7Air, que detém a Aerovip e empresa de paraquedismo Skyfall, a promotora do voo.

Em comunicado enviado à Lusa, a Skyfall e o Grupo 7Air enalteceram o “profissionalismo e altruísmo” do piloto, afirmando que, com a sua ação, “terá contribuído para que não se registassem mais fatalidades”.

Fonte do Grupo 7Air revelou também à Lusa que o corpo do piloto “foi encontrado com o paraquedas colocado”, equipamento que também estava a ser usado pelos sete paraquedistas que seguiam na aeronave