Lionel Messi decidiu abandonar a seleção argentina, aos 29 anos, depois de a equipa ter perdido a final da Copa América. Mas Yohana Fucks, uma professora do ensino secundário em Entre Ríos, escreveu-lhe uma carta com uma mensagem clara: “Por favor, não desistas. Não faças com que acreditem que neste país só importa ganhar e ficar em primeiro lugar”.

O apelo à permanência do craque do Barcelona na seleção nacional tornou-se, entretanto, viral, como explica o ABC. Na carta, diz que não escreve como adepta de futebol, mas como professora, “essa profissão que elegeu e que a apaixona tal como a de Messi a apaixona a ele”.

“Podia escrever-te sobre a maravilha do teu talento naquele que é o desporto mais amado do nosso país, sobre o prazer que dá pertencer à geração que pode ver-te a fazer magia com as chuteiras, sobre a admiração que despertas em cada uma das pessoas no mundo inteiro. Mas tudo isso será repetir frases feitas. Por isso, vou escrever-te para que me ajudes num repto muito mais completo do que aqueles que enfrentaste até agora. Quero que me ajudes na difícil missão de formar a conduta das crianças que te veem como um herói do futebol e um exemplo a seguir.”

A professora continua, explicando a Leonel Messi que, por muito que tente, nunca vai conseguir provocar nos seus alunos a fascinação que eles nutrem pelo craque. E que, hoje, veem o seu ídolo render-se. “Peço-te que não dês esse gosto aos que são medíocres, aos que opinam sobre tudo porque é fácil e gratuito”, escreveu.

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“Não lhes mostres que, por mais vitórias que alguém consiga na vida, nunca deixará de estar em conformidade com os outros e, pior ainda, não faças com que sintam que devem viver em conformidade. Não lhes passes uma mensagem errada de que, apesar de teres ultrapassado tantas adversidades, apesar de teres lutado desde muito cedo para te tornares no homem conquistador que és hoje, apesar de assumires responsabilidades desde muito cedo na vida e de teres lutado contra as restrições físicas para alcançares os teus sonhos, tudo isso se tornou opaco perante as críticas dos invejosos que, no fundo, desejavam ser como tu.”

Pedindo claramente para o jogador não se render, Yohana Fucks sublinha: “Não guardes a camisola com as cores da nossa pátria, porque quando a vestes transformas-te no argentino que nos representa a todos. E nem todos nós esperam medalhas e vitórias para nos sentirmos verdadeiramente orgulhosos de que o sejas. Não deixes que os meus alunos sintam que ficar em segundo lugar é uma derrota, que o valor das pessoas está no quão completa estão as suas vitrinas, que perder um jogo é perder a glória.”

A professora de Entre Ríos diz ainda que os seus alunos precisam de entender que os heróis mais nobres — e não importa se são médicos, soldados, maestros ou jogadores de futebol — são os que dão o melhor de si próprios tendo em conta o bem-estar dos outros, ainda que saibam que ninguém os valorizará mais por isso. Há heroísmo e virilidade quando se luta e se superam as derrotas com coragem e certeza, ainda que tenham todo o universo a afirmar que não vamos alcançá-lo. E um dia encontram-se com a maior das vitórias: serem felizes sendo eles mesmos, sem reclamarem dos demónios que tiveram de enfrentar para conseguirem sê-lo. Todos falam de bolas, eu acredito na força do teu coração”.