António Costa defendeu que não há pressa para formalizar a saída do Reino Unido da União Europeia. À entrada para o Conselho Europeu, em Bruxelas, Costa afirmou que “essas coisas devem ter o ritmo que têm, e, acima de tudo, devem decorrer de uma forma amigável“. O primeiro-ministro avisou que “a decisão do Reino Unido tem causas semelhantes às que estão a fomentar a emergência do populismo em vários estados europeus”, e que é necessário “atacar” esse populismo. António Costa sublinhou que o que “alimenta decisões como o Brexit e o populismo é o medo”, e que a Europa deve responder ao medo.

O medo, para o primeiro-ministro, tem conduzido a situações semelhantes em toda a Europa. Costa referia-se à emergência da extrema-direita na Áustria e nos países nórdicos, e do populismo na Itália.

“A saída do Reino Unido obviamente é uma má notícia”, disse Costa. “Mas temos de a respeitar, é a decisão soberana dos cidadãos do Reino Unido, tal como teríamos de respeitar uma dos cidadãos portugueses”, afirmou o primeiro-ministro. A Europa deve por isso, “abrir negociações de forma amigável, não procurando usar as negociações como um castigo a quem, livre e democraticamente, decidiu escolher o seu caminho”. “Não se trata de divórcios nem de separações amigáveis. É prosseguir uma relação, de forma distinta”, explicou António Costa.

Para António Costa, “os cidadãos deixaram de perceber que a Europa lhes é útil no dia-a-dia”. Por isso, é necessário uma “viragem de políticas”. E o primeiro-ministro considera que na escolha do Reino Unido “não há retorno. A questão está ultrapassada”, disse em declarações à SIC ao final do dia, antes de entrar para o jantar onde os líderes europeus vão debater o Brexit.

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O primeiro-ministro também comentou as sanções que Bruxelas poderá aplicar a Portugal. Costa insistiu: “com o dramatismo da saída do Reino Unido, a crise dos refugiados, o terrorismo, é absolutamente ridículo estarmos a discutir 0,2% da execução orçamental do anterior governo“.

Ainda assim, António Costa disse que se sentiria “chocado” se se fossem aplicadas sanções a Portugal. “Quem é que compreenderia que, depois de quatro anos de sacrifícios que Portugal fez?”, questionou o primeiro-ministro. Costa deixou ainda uma espécie de elogio ao anterior governo: “Vir agora acusá-lo de não se ter empenhado o suficiente na redução do défice, até eu, que sou absolutamente insuspeito, me sinto chocado com uma afirmação dessas em relação ao anterior governo”.

Este texto foi atualizado às 20h28, com declarações do primeiro-ministro à SIC