A presidente da bolsa de Lisboa e ex-administradora da CGD pede que seja clarificada a situação do banco e que a nova administração assuma funções em breve para que a instituição desempenhe o seu papel na economia.

Maria João Carioca deu hoje a primeira conferência de imprensa como presidente da Euronext Lisboa, cargo que assumiu no início do mês, vinda da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na qual pertencia à comissão executiva.

Questionada sobre se considera oportuna a comissão parlamentar de inquérito ao banco público de que foi administradora executiva nos últimos anos, a gestora considerou “fundamental que a solução da Caixa Geral de Depósitos se clarifique” de modo a que o banco possa desempenhar as funções que lhe competem.

“[É fundamental] que não subsista qualquer espécie de dúvidas quanto à capacidade da Caixa para continuar a assumir papel de liderança e de reforço da estabilidade do sistema. (…) É momento de agir, de a Caixa evoluir e para isso precisa de estabilidade, de recursos”, afirmou.

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Maria João Carioca destacou, sobretudo, a necessidade que a nova equipa de gestão da CGD assuma funções rapidamente: “Isso parece-me crítico que aconteça tão breve quanto possível”.

Sem se pronunciar em pormenor sobre o período de tempo em que foi administradora do banco, disse apenas que os números da Caixa Geral de Depósitos estão disponíveis e que são “escrutinados” pelas autoridades competentes, nomeadamente Banco Central Europeu, Banco de Portugal e a tutela, o Ministério das Finanças, que representa o único acionista do banco, o Estado.

A CGD tem estado no centro do debate político. A constituição de uma comissão de inquérito sobre a CGD, proposta pelo PSD e CDS-PP foi aceite na sexta-feira pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, depois de ter enviado para o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR), por dúvidas de legalidade, a versão inicial do requerimento.

Quanto à recapitalização do banco público, considerada fundamental, a imprensa tem referido valores da ordem dos 4.000 milhões de euros. No entanto, o valor da injeção de capital ainda não é conhecido formalmente e estão ainda a decorrer negociações entre o Governo e a Comissão Europeia.

Em 2015, o banco teve 171,5 milhões de euros de prejuízos.

A atual administração executiva da CGD, a que Maria João Carioca pertencia, é liderada por José de Matos e terminou mandato no final no ano passado. O novo presidente da CGD será António Domingues, que pertencia à administração do BPI, devendo a nova administração tomar posse assim que forem concluídas as negociações para a recapitalização da instituição.