Marcelo continua na estrada a “aproximar-se” do “país real” e da “economia real”. Depois de estrear os roteiros presidenciais do “Portugal Próximo” numa visita frenética à pacatez do Alentejo, de 4 a 6 de julho o Presidente vai reeditar a iniciativa em Trás-os-Montes, num ritmo claramente menos acelerado. O objetivo, segundo a Presidência, é chamar a atenção para os problemas da desertificação do interior, mas também enaltecer o que de bem se faz em terras trasmontanas, nomeadamente a “boa gestão” autárquica de uma câmara… socialista.

Em terreno fértil laranja, e em terras do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, que é de Vila Real, Marcelo aceitou o convite da presidente da câmara de Alfandega da Fé para visitar aquele município do distrito de Bragança. De acordo com a organização não-governamental Transparência e Integridade, presidida pelo politólogo Luís de Sousa e também dirigida pelo ex-candidato presidencial Paulo Morais, Alfandega da Fé ocupa o primeiro lugar num índice de transparência municipal, e é nessa lógica de “exemplo de boa gestão” autárquica que o Presidente aceitou o convite.

Berta Nunes foi eleita presidente da câmara pelo PS em 2009, destronando o PSD que liderava naquela autarquia. A socialista, médica de profissão, voltou a ser reeleita em 2013, tendo sido, de resto, a primeira mulher presidente de câmara na região de Trás-os-Montes.

Nos três dias de visita regional, que desta vez, sendo de segunda a quarta-feira, não incluem o dia da reunião semanal com o primeiro-ministro, que em abril obrigou António Costa a deslocar-se a Évora para se encontrar com o Presidente, é esperado apenas um ministro do Governo socialista. Luís Filipe Castro Mendes, ministro da Cultura e ex-embaixador de Portugal no Conselho da Europa, deverá estar ao lado do Presidente na inauguração do Espaço Miguel Torga, em Sabrosa, distrito de Vila Real.

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Num ritmo mais calmo do que o do primeiro “Portugal Próximo”, onde o programa no Alentejo tinha eventos diferentes de 20 em 20 minutos, desta vez haverá mais espaço para respirar. São três dias, dois distritos (Vila Real e Bragança, com um cheirinho de Foz Coa, distrito da Guarda), e sem muitas paragens formais nos vários concelhos. Arrancando na segunda-feira com uma visita, em Vila Real, a antigas escolas que foram transformadas em habitações sociais para acolher famílias numerosas com dificuldades, o roteiro prossegue com visitas a centros de inovação e investigação, como o da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ou o do Centro de Investigação da Montanha do Politécnico de Bragança, passando ainda por uma visita aos Bombeiros Voluntários de Bragança para assinalar o início da época mais complicada de combate aos fogos florestais.

A cultura também não vai ser esquecida, prevendo-se a inauguração do Museu Nadir Afonso, em Chaves, assim como uma visita ao Museu do Abade Baçal, em Bragança, onde Marcelo deverá alertar para os problemas da falta de financiamento e sustentabilidade financeira que os museus e a cultura portuguesa sofrem. Também o desporto com o Presidente da República a visitar o centro de alto rendimento de remo e canoagem do Pocinho, em Vila Nova de Foz Coa, onde deverá ser recebido pelo atleta olímpico Fernando Pimenta, que recentemente conquistou mais duas medalhas de ouro nos europeus de canoagem.

A visita termina na quarta-feira, dia 4 de julho, com um passei de barco pelo Douro, num registo “descontraído” e “informal”.