O dia 28 de junho é considerado o dia mais perfeito do ano. Quer faça chuva ou faça sol. A perfeição do dia nada tem a ver com o clima, mas sim com uma curiosidade matemática. Em bom rigor, podemos dizer que é a data matematicamente mais perfeita do calendário, e não importa a ordem (do dia ou do mês) em que a escreve. A perfeição aplica-se tanto a quem escreve o dia primeiro (28/6, a forma mais comum na Europa) como a quem prefere começar pelo mês (6/28, mais comum nos EUA).

Em termos matemáticos, 28 de junho é uma data perfeita porque 28 e 6 são dois números perfeitos. O que quer dizer que os números pelos quais 6 e 28 podem ser divididos (exceto o número em si), todos somados, dão o próprio número. Confuso? Na verdade é mais simples do que parece. Ora veja:

  • 6 pode ser divido por 1, 2 e 3 — e a soma deles é 6 — 1 + 2 + 3 = 6
  • 28 pode ser divido por 1, 2, 4, 7 e 14 — e a soma deles é 28 — 1 + 2 + 4 + 7 + 14 = 28

A definição de um número perfeito diz que é um número inteiro no qual a soma de todos os seus divisores (excluindo o mesmo) é igual ao próprio número, explicou ao Observador, o matemático Rogério Martins.

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“São números raros que se descobriram na Antiguidade, mas na altura, só se conheciam quatro números perfeitos. É um conceito que faz parte da chamada Teoria dos Números, mas é quase uma curiosidade matemática, no sentido em que não tem grandes aplicações práticas”, explicou Rogério Martins.

Os primeiros quatro números perfeitos 6, 28, 496 e 8.128 foram descobertos pelo grego Euclides, no século IV antes de Cristo. O quinto número perfeito dá um salto para os oito dígitos (33.550.336) e o primeiro registo escrito do mesmo data de 1456, cerca de dez séculos depois. Atualmente só se conhecem 49 números perfeitos e tanto quanto se sabe até hoje, são todos pares.

“Os matemáticos ainda não sabem a resposta a muitas perguntas que são simples de formular, como esta: será que existem números ímpares que são perfeitos? A resposta, até agora é, não se sabe. Ao contrário do que as pessoas possam pensar, a matemática ainda tem muitas perguntas por responder nos dias de hoje”, disse o professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Nova de Lisboa.

“Porquê? Porque quando a pergunta é muito simples, isso significa que já muitas pessoas pensaram sobre ela. Há dois mil anos ou mais que se procura a resposta a esta pergunta e se até agora ainda não a sabemos, é porque deve ser muito difícil responder”, clarificou Rogério Martins.

Se ficou curioso e é fã de números, pode conhecer a lista dos números perfeitos conhecidos publicada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Mas prepare-se: alguns são bem loonnngggooosss.