Ele está com boa cara, a falar quase sempre com um sorriso com um grupo de jornalistas ingleses, mesmo ao meu lado. Sinto-me com sorte e fico ali à espera que José Fonte se despache no seu inglês mais do que impecável. Os britânicos perguntam-lhe uma série de coisas, a maioria mais relacionada com a Premier League, o Southampton e o novo treinador que vai ter na próxima época.

Eu quero é saber como foi estar ali na linha do meio campo, entre os braços dos jogadores da seleção, a ver, um a um, os portugueses levarem a melhor aos polacos. Até que o central da seleção, 32 anos, se despede dos ingleses na zona mista e aceita falar em português.

Sofrer um golo aos 100 segundos não é a melhor maneira de começar um jogo.
Foi difícil, mas mostrámos que temos uma grande personalidade, que acreditámos até ao fim. Pegámos no jogo, tentámos ir atrás do prejuízo, como tinha de ser. Acabámos por conseguir o empate, ter uma ou outra oportunidade e um penálti que não foi marcado. Depois, nos penáltis, tivemos a cabeça mais fria que eles. E o Patrício, que fez uma grandíssima defesa.

Estavas preparado para marcar um penálti?
Sim, já me estava a preparar mentalmente, se tivesse que ser, não é? Calha a todos.

Já sabias a tua ordem?
Acho que era o sexto, não tenho a certeza, mas acho que o mister o disse. Mas não interessa. O que interessa é que ficou resolvido e não tive que ser chamado [ri-se, quase em jeito de alívio]. É um momento de tensão, graças a Deus que se resolveu antes.

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Como é aquele momento em que estão no meio campo, abraçados, a olhar para quem vai marcar?
Pffff [suspira]. Para vocês, que estão de fora, já é difícil. Para nós, que estamos lá dentro, ainda é mais. As pernas tremem. É preciso ter calma e personalidade para chegar lá e bater o penálti. Por isso, crédito vai para os jogadores que bateram e para o Patrício, que defendeu. Parece que é fácil, mas é um momento muito difícil.

O que é mais difícil: os penáltis ou marcar o Lewandowski?
É um grande jogador, de enorme qualidade. Mas eu e o Pepe tivemo-lo mais ou menos controlado. Óbvio que, num jogo inteiro, vai haver alguma situação. Ele teve aquela oportunidade logo ao início, aos 100 segundos, como disseste. Bateu bem na bola. Depois disso acho que estivemos irrepreensíveis, não me lembro de uma oportunidade dele. Mas tem muita qualidade, como é óbvio. Estamos contentes por termos defendido bem.

Disseste-lhe alguma coisa no final do jogo?
Desejei-lhe boa sorte, disse-lhe que tinham estado bem e que o futebol é assim mesmo.

E vamos chegar à final só com empates nos 90 minutos?
Se tiver que ser. Não interessa — se tiver que ser, será. O que interessa é chegar lá e ganhar.

MARSEILLE, FRANCE - JUNE 30: (L to R) Nani, Jose Fonte and Pepe of Portugal celebrate their team's win through the penalty shootout after the UEFA EURO 2016 quarter final match between Poland and Portugal at Stade Velodrome on June 30, 2016 in Marseille, France. (Photo by Laurence Griffiths/Getty Images)

Foto: Laurence Griffiths/Getty Images