A Duett, de 1953, foi o modelo que deu o tiro de partida para uma invejável história de sucesso: a das carrinhas Volvo. No imaginário de muitos, até pela sua presença filmográfica, estarão ainda as séries 240/245, 740/760 e 940/960. E também a 850 que não se eximiu de participar, com assinalável êxito, nos campeonatos de turismo, nomeadamente com Rickard Rydell ao volante. Ou a XC70 Cross Country, pioneira das carrinhas de vocação “todo-o-terreno”.

Após algum tempo de ausência, a marca sueca decidiu agora regressar ao segmento superior. Obviamente, com uma carrinha, a V90, mas também com uma berlina de três volumes e quatro portas, a que só poderia chamar S90. Dois luxuosos modelos que já tivemos oportunidade de ir conhecer ao vivo e a cores em terras de Espanha. Pode também conhecê-los, antes da sua chegada a Portugal (em Setembro), assistindo aos vídeos acerca da estética dos novos modelos suecos:

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Para marcar a diferença num segmento altamente competitivo e exigente, os novos S90 e V90 apostam numa estética nitidamente distinta da dos tradicionais dominadores da classe: os populares modelos oriundos das marcas alemãs. Em ambos os casos, a aparência exterior é sóbria e muito elegante, cativando pela simplicidade das linhas de um design tipicamente escandinavo, marcado pela proporcionalidade entre os vários volumes da carroçaria.

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Também em destaque, os faróis dianteiros integralmente em LED propostos de série (em matriz de LED em opção), que apresentam como principal factor distintivo o efeito visual em formato de “T” deitado, que a Volvo afirma evocar o célebre martelo de Thor, o deus dos trovões na mitologia nórdica. O resultado final é bastante bem conseguido, com o S90 a pautar-se por uma pose mais clássica e conservadora, enquanto a V90 indicia um outro dinamismo e uma maior versatilidade de utilização, consonante com um estilo de vida mais activo que os amantes deste género de proposta sempre gostam de transmitir.

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Com quase 5 m de comprimento e praticamente 3 m de distância entre eixos, S90 e V90 apresentam, ainda, como um dos seus principais trunfos a enorme liberdade de movimentos que proporcionam a quem segue a bordo, nomeadamente atrás. A habitabilidade traseira é digna de registo, em especial no que diz respeito ao espaço disponível para as pernas, permitindo que o banco exterior acomode, com facilidade, mesmo os ocupantes de maior estatura.

A bagageira, factor sempre determinante numa carrinha, oferece na V90 uma capacidade de 560 litros com os cinco lugares disponíveis e a chapeleira montada, podendo atingir um máximo de 1.526 litros. O portão traseiro dispõe de abertura e fecho eléctricos, e só é pena que a chapeleira seja totalmente manual, o que já vai sendo raro nesta classe, para além de contar com um sistema de rebatimento algo rudimentar, que não só não é o mais prático, como não transmite a desejável noção de sofisticação e qualidade. No caso do S90, esta questão, naturalmente, não se coloca, contando a mala com 500 litros de capacidade.

Está-se bem

Acima de críticas está o bom ambiente que se vive no interior. Pela elevada qualidade de construção e dos materiais utilizados. Pelos acabamentos refinados. Pela luminosidade de um habitáculo dominado pelas cores claras. E, também, pela decoração, mais uma vez aqui capaz de fazer jus aos pergaminhos nórdicos nesta matéria. É simples mas não simplista e, sem condicionar a funcionalidade, concorre de forma decisiva para a transmissão de uma agradável sensação de serenidade, sofisticação, luxo e bem-estar. Ora veja:

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O que também não podia faltar num modelo de topo acabado de lançar é uma evoluída solução de infoentretenimento e conectividade, a cargo do sistema Sensus, um evoluído “tablet” através do qual é possível controlar quase tudo – do sistema de som ao de navegação, da configuração do veículo à dos sistemas de segurança e de auxílio de condução, passando pelos sistemas Apple CarPlay e Android Auto, destinado a replicar os “smartphones” emparelhados no ecrã táctil do sistema. Sem esquecer, claro está, a ligação à Internet, e a funcionalidade de “hotspot”, para que todos os que seguem a bordo possam estar, em permanência, ligados ao mundo exterior.

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Segurança em destaque

Como em qualquer Volvo que se preze, a segurança é outro dos pontos fortes dos S90 eV90, que contam com uma impressionante dotação de dispositivos destinados a preservar a integridade física dos ocupantes… e não só. Por exemplo, o sistema de travagem automática de emergência em cidade, além de veículos, ciclistas e peões, passa a agora a poder identificar também animais de grande porte, o que poderá ser de extrema utilidade na Escandinávia, onde os alces têm por hábito passear-se pela via pública.

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Além deste sistema, capaz de reduzir a taxa de mortalidade rodoviária do maior cervídeo do planeta, os S90/V90 oferecem ainda de série “cruise control” adaptativo com limitador de velocidade, sistema de auxílio à manutenção na faixa de rodagem, alerta de proximidade para o veículo da frente, leitor de sinais de trânsito, aviso de saída involuntária da faixa de rodagem e monitorização da atenção do condutor.

O lote inclui ainda duas soluções menos comuns. Uma delas é o Run-off Road Mitigation, sistema que, através de uma intervenção sobre a direcção, ajuda a evitar saídas de estrada, quando detecta que tal está iminente. O outro é o Pilot Assist e representa um primeiro passo no sentido da condução autónoma: em auto-estrada, e até aos 130 km/h, acelera e trava sozinho, e ainda consegue seguir o desenho da via desde que esta esteja bem marcada, sem precisar de acompanhar um veículo que siga na frente e dispensando quase por completo a intervenção do condutor – embora exigindo que este tenha, pelo menos, uma das mãos no volante. Caso contrário, acaba por desactivar-se.

Ainda no domínio da segurança, do leque de opções fazem parte, entre outros, o sistema de monitorização do ângulo morto, o alerta de colisões pela traseira, o alerta de veículos nos cruzamentos, a câmara de visão panorâmica a 360º, e o sistema de estacionamento automático. Tudo com o intuito de contribuir para que a Volvo possa atingir o seu objectivo de, a partir de 2020, ninguém morrer ou ficar gravemente ferido a bordo de um seu modelo, lançado após essa data.

Base comum

Embora apostada no desenvolvimento dos automóveis que se “auto-conduzem”, nem por isso a Volvo deixou de dispensar particular atenção à vertente dinâmica dos novos S90 e V90. Na sua génese está a evoluída plataforma modular SPA estreada pelo XC90, de que também farão uso os futuros S60/V60, e que é a primeira da casa sueca a permitir aos modelos que a utilizam montarem motores de combustão, híbridos, híbridos “plug-in” ou totalmente eléctricos – estratégia que será aplicada pelo construtor a toda a sua gama.

Só que, para já, os novos S90 e V90 apontam baterias aos combustíveis fósseis. Numa primeira fase, estes modelos serão propostos com os motores T6 (2.0 com injecção directa de gasolina, turbo e compressor volumétrico, debitando 320 cv e 420 Nm), D5 (2.0 turbodiesel com 235 cv e 480 Nm) e D4 (2.0 turbodiesel com 190 cv e 400 Nm), que deverá ser o mais popular dos três no nosso país.

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No final do ano, a oferta será alargada com a chegada da versão D3, animada pela versão de 150 cv do motor turbodiesel de 2,0 litros, estando ainda confirmada, mas com data por definir, a chegada das variantes T5 (2.0 turbo a gasolina de 254 cv e 350 Nm) e híbrida “plug-in” T8, que combina o motor 2.0 a gasolina com dois motores eléctricos – um dianteiro de 45 cv e 150 Nm, e um traseiro de 87 cv e 240 Nm. Com tracção integral e um rendimento combinado de 407 cv e 640 Nm, esta última motorização anuncia 5,2 segundos nos 0-100 km/h, 1,9 l/100 km de consumo médio, emissões de CO2 de 44 g/km e uma autonomia de até 45 km em modo totalmente eléctrico.

Quanto às versões que já se podem comprar, todas contam com caixa automática de oito velocidades (a caixa manual de seis relações só estará disponível em algumas versões e numa fase posterior de comercialização), sendo que a T6 e a D5 usufruem sempre de tracção integral permanente AWD, enquanto que a D4 transmite a potência apenas ao eixo dianteiro.

A nossa experiência

No primeiro contacto com o novo topo de gama sueco, tivemos oportunidade de conduzir a versão V90 D5 AWD, cujo motor, por sinal, apresenta uma atributo único, na forma do sistema PowerPulse, uma tecnologia que a Volvo é a única marca a utilizar em automóveis de produção em série. Aqui, um compressor retira ar fresco do filtro de ar para um reservatório de alta pressão que, por sua vez, o injecta directamente no colector de escape nas solicitações mais exigentes, para uma resposta mais pronta do turbo, traduzida numa mais rápida reacção do motor à pressão exercida sobre o acelerador.

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Uma solução engenhosa que, na prática, acaba por provar a sua validade. Bastante suave, e relativamente silencioso, este quatro cilindros a gasóleo é bastante expedito nas recuperações, lidando bem com os mais de 1.800 kg de peso do veículo. As prestações também são dignas de elogio, tanto a velocidade máxima de 240 km/h como os 7,3 segundos necessários para cumprir os 0-100 km/h. E se nem mesmo com extremos cuidados será fácil de obter, em condições reais de utilização, o consumo médio anunciado de 4,9 l/100 km, alcançam-se sem grande esforço médias em torno dos 6,0 l/100 km, o que é de enaltecer num automóvel com estas dimensões, peso e capacidades dinâmicas.

Aliás, a experiência de condução promete mesmo ser um dos melhores atributos dos novos S90 e V90. Mesmo que o envolvimento ao volante possa não ser equiparável ao dos seus melhores rivais germânicos, a verdade é que o conforto de marcha é muito bom, o que, associado a uma óptima insonorização muito contribui para o bem-estar a bordo. Já no que ao comportamento diz respeito, percebe-se que a Volvo, mais do que visar a eficácia pura, teve como preocupação de tornar a condução extremamente fácil e agradável a qualquer tipo de utilizador, com as versões de tracção integral a proporcionarem um grau extra de confiança pela forma como lidam com as situações mais extremas em curva até sobre piso seco.

Em síntese

Equipamento e preços

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Momentum Connect e Inscription são os níveis de equipamento disponibilizados.

Os preços do S90 iniciam-se nos 53.834€ da versão D4, nos 64.771€ da versão D5 AWD e nos 69.910€ da versão T6 AWD. A estes valores deverão ser adicionados cerca de 2.800€ se a opção recair na carrinha V90.

Como oferta de lançamento, a Volvo irá propor a variante mais equipada da versão de acesso à gama, o S90 D4 Inscription, pelos 56.703€ de tabela, mas com um acréscimo de equipamento no valor de praticamente 8.000€.

Segurança, estilo, requinte e espaço, muito espaço, acabam por ser os melhores argumentos dos novos modelos de topo da Volvo que, já podem ser encomendados, embora as primeiras entregas em Portugal só estejam previstas para Setembro. E foram já mais de 15 mil aqueles que, em todo o mundo, decidiram fazê-lo.

No mercado nacional, deverá manter-se a tradição, com a carrinha a reunir o maior número de preferências, mas numa proporção mais equilibrada com a berlina do que em tempos idos.

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