Ana Vilma Maximiano, em greve de fome pelo 18.º dia para contestar a entrega das filhas ao pai condenado por violência doméstica, decidiu manter o protesto, após assistência hospitalar, disse hoje à Lusa o advogado Gameiro Fernandes.

“A meio da noite deram-lhe alta, com a restrição de se manter em repouso absoluto”, afirmou o advogado, acrescentando que na segunda-feira Ana Vilma estará novamente em frente ao Tribunal de Cascais para exigir o afastamento da juíza do processo.

Segundo a mesma fonte, Ana Vilma chegou ao Hospital de Cascais na sexta-feira à tarde em estado de hiperglicemia e desidratação, depois de ter estado exposta ao sol durante muito tempo e sem se alimentar há 17 dias, ingerindo apenas água com açúcar.

Este sábado de manhã, o advogado disse à Lusa que iria tentar demover a sua cliente de prosseguir com a greve de fome, mas em contacto posterior confirmou a intenção de Ana Vilma manter o protesto.

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A 15 de junho, Ana Vilma Maximiano iniciou uma greve de fome em protesto contra a decisão tomada oito dias antes pelo Tribunal de Família e Menores de Cascais que entregou, por mais seis meses, a guarda de duas filhas suas, de três e dois anos, ao pai, condenado por violência doméstica.

Em março, o pai foi condenado a dois anos e meio de prisão (suspensa por igual período) por violência doméstica sobre a mãe das filhas, tendo também ficado proibido de se aproximar dela durante dois anos (medida acessória).

Segundo o advogado, na base da decisão do Tribunal de Cascais esteve “o facto de a juíza ter alegado a falta de um relatório das técnicas da Equipa de Crianças e Jovens (ECJ) (do Instituto de Segurança Social) de Oeiras-Cascais, que estava no tribunal, mas não estava disponível no Citius”.

“Um relatório no qual as técnicas da equipa de Oeiras-Cascais do ISS também não referem a condenação do pai, por violência doméstica sobre a mãe das crianças, nem a medida acessória”, sublinhou.

Na quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República informou que a procuradora Margarida Pereira da Silva, daquele tribunal de Cascais, está a ser alvo de um inquérito de natureza disciplinar”.