Pedro Passos Coelho considera que “as coisas estão a correr mal” para o governo de António Costa, mas assinala que “este resultado não tem nada de inesperado”. O ex-primeiro-ministro assina esta segunda-feira um artigo de opinião no Diário de Notícias em que ataca o que considera a “agenda política radical” do executivo socialista, “cheia de afinidades à maioria que suporta o governo”.

De acordo com o líder do PSD, o novo governo, “movido pelo lema de virar a página da austeridade”, acabou por virar “a página da credibilidade”. Para Passos Coelho, as políticas do governo de António Costa representam “reversões estruturais na economia e nas áreas sociais”, e alerta para “a desconfiança que se instalou, dentro e fora do país, envolvendo cidadãos, investidores, instituições e parceiros resulta da nova abordagem e da nova orientação política seguidas pelos socialistas e seus aliados”.

“Não espanta, por isso, que a credibilidade e a confiança tenham desaparecido da conversa externa sobre Portugal”, insiste o líder do PSD, que escreve esta opinião a propósito do primeiro debate do Estado da Nação de António Costa.

Passos Coelho descreve a sua visão do Portugal de há um ano, quando estava no governo, e conclui que a imagem do país no verão de 2016 representa “um contraste impressionante“. E sobre a ameaça de sanções a Portugal ou de medidas adicionais para cumprir o défice avisa que “a insistência do Eurogrupo e da Comissão não é mesmo uma conspiração ultraliberal”, lembrando que os responsáveis europeus, como o presidente do Eurogrupo e o comissário dos assuntos económicos e financeiros, são socialistas.

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O líder do PSD acusa ainda António Costa de querer “rescrever a história” e de querer “justificar sanções e instabilidade financeira com os resultados que lhe foram legados pelo governo anterior”. A possibilidade de serem aplicadas sanções a Portugal representa, para Passos Coelho, uma “triste situação”. “Portugal pode ficar associado a uma primeira decisão de aplicação de sanções a qualquer país depois de ter sido, durante quatro anos, um caso entre os melhores em matéria de redução de défice”, escreve o ex-primeiro-ministro.

Em resposta às críticas de que o seu governo não atuou para resolver o problema dos bancos, Passos Coelho lembra que Portugal “apenas dispunha de 12 mil milhões de euros” para apoiar o setor e sublinha que “agora a abordagem mudou”.

Passos diz ainda que depois de “ter tratado da pior maneira a situação do Banif, que acabou por custar demasiado aos bolsos dos contribuintes,”o governo alimenta ou deixa alimentar as maiores especulações sobre a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco”.

O ex-primeiro-ministro termina o artigo exigindo que o governo não utilize “desculpas de mau pagador, nem viradas contra Bruxelas e a Europa ou contra o anterior governo, que só piora a situação”.