A poucos minutos da tomada de posse da comissão de inquérito à recapitalização e gestão da Caixa Geral de Depósitos, constituída por requerimento potestativo (de caráter obrigatório) do PSD e CDS, o líder parlamentar dos sociais-democratas anunciou que quer acelerar os trabalhos. A ideia é ouvir, até ao final de julho, ou seja, ainda nesta sessão legislativas, antes da interrupção para férias, o governador do Banco de Portugal, o ministro das Finanças e o presidente executivo do banco, agora demissionário.

Falando aos jornalistas no Parlamento, Luís Montenegro afirmou que o PSD vai avançar já esta terça-feira com o requerimento para as audições de Carlos Costa, Mário Centeno e do presidente executivo da CGD, José de Matos, que anunciou recentemente a sua demissão. Estas devem decorrer “nas próximas duas semanas”, transitando da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças (onde todos têm audição marcada) para a comissão de inquérito à CGD, que é constituída esta tarde.

“Entendemos que há todas as condições para, ainda até ao final desta sessão legislativa [que termina a 29 de julho], os trabalhos da comissão poderem iniciar-se com a audição do presidente executivo da CGD, hoje demissionário, do ministro das Finanças e do governador do Banco de Portugal”, disse, sublinhando que os “últimos dias têm adensado” várias “dúvidas” em torno da “real situação da Caixa e daquelas que são as intenções para uma reestruturação”.

A notícia da demissão do conselho de administração do banco e uma outra sobre uma redução de 2.500 trabalhadores, surgida após um encontro do secretário de Estado do Tesouro com o sindicato dos trabalhadores da Caixa, são alguns dos motivos que levam Luís Montenegro a pressionar o executivo no sentido da maior “transparência e clareza” nos esclarecimentos sobre a CGD.

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A comissão de inquérito à gestão da CGD toma posse esta tarde na Assembleia da República e será presidida pelo deputado social-democrata José Matos Correia. Vai debruçar-se sobre a gestão do banco público desde o ano 2000 e abordará o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, atualmente em negociação com Bruxelas.

Para Luís Montenegro, as comissões parlamentares de inquérito, com os seus “poderes reforçados”, são o local certo para pressionar o Governo a apresentar os documentos já solicitados pelos sociais-democratas “há mais de um mês” e para “responder às cerca de 30 perguntas” que foram feitas pela bancada laranja, ainda sem resposta. Reforçando que é altura de esses documentos “serem disponibilizados ao Parlamento”, Montenegro instou ainda os parlamentares da esquerda que apoiam o executivo a não se demitirem da sua “função fiscalizadora”.

“Quando nós [PSD] suportávamos politicamente o Governo não nos demitíamos desse papel”, disse, pedindo indiretamente a PCP e BE para se “deixarem de álibis”.