O Estado “não deve investir” num novo porto de mar porque o sistema portuário português “tem capacidade” para servir as plataformas logísticas, mas apostar na interligação e desenvolvimento dos atuais portos e na expansão de Sines, conclui um estudo.

“O Estado não deve investir no desenvolvimento de um novo porto de mar em Portugal. Antes, deve ter uma preocupação de interligar e desenvolver os portos nacionais, de modo a reforçar a coesão do sistema portuário nacional, conferindo-lhe um papel de complementaridade e flexibilidade na gestão da logística das empresas sedeadas no território nacional”, lê-se nas orientações do trabalho, intitulado “Terminais Portuários e Infraestruturas Logísticas em Portugal”.

Promovido pela Associação Comercial do Porto (ACP), o estudo foi desenvolvido pelo Centro de Estudos em Economia e Gestão da Universidade Católica Portuguesa, no Porto, e pela consultora de transportes e território TRENMO, sob orientação de Álvaro Nascimento e de Álvaro Costa.

Sustentando que “o sistema portuário nacional atual tem condições — i.e., capacidade — para servir adequadamente as plataformas logísticas que se organizam de Norte a Sul do país”, pelo que não há “necessidade urgente de investir em novas infraestruturas portuárias marítimas”, o trabalho admite apenas que “investimentos incrementais no desenvolvimento dos terminais portuários — como em Leixões — podem ser necessários para ultrapassar estrangulamentos de capacidade instalada”.

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“A melhoria da conetividade entre os portos de mar em Portugal, pelo lado terrestre, permitiria reforçar a coesão e a importância do sistema ‘multi-port-gateway’, oferecendo condições para aumentar a competitividade empresarial por via da complementaridade e da flexibilidade da oferta existente nos vários terminais portuários”, sustenta.

Por outro lado, nota, “a posição na fachada Atlântica permite que Sines possa reforçar o seu papel enquanto porto para centralizar as operações de ‘ transhipment'[transbordo] em Portugal”, sendo “possível reforçar a integração de Sines no sistema portuário nacional melhorando a conetividade com os restantes portos, por via marítima e terrestre”.

“Aumenta-se, assim, a importância desta região ‘multi-port-gateway’, com benefícios para a competitividade empresarial, o desenvolvimento e a coesão de todo o território nacional”, sustenta.

Segundo reforça o estudo da ACP, “assistindo-se a um aprofundamento das estratégias das companhias de navegação que escolhem Portugal como plataforma central para organização das suas operações — i.e., ‘transhipment’ — deve o Estado responder com a disponibilização de Sines, por ser a alternativa economicamente mais vantajosa”, pelo que um “eventual reforço de capacidade em Sines e as ligações ao ‘hinterland’ de Espanha devem ser equacionados”.

Entre as recomendações do trabalho está também o assegurar de “ligações marítimas regulares e eficazes entre Portugal e os portos centrais âncora das rotas intercontinentais”, o envolvimento das “autoridades portuárias na gestão da cadeia logística” e a conceção de um “modelo de concessão que reduza a vulnerabilidade dos portos, mitigando a sua exposição ao risco de alteração de estratégia das companhias de navegação”.