“Sorry, darling?”, pergunta Amy enquanto se aproxima para nos tentar ouvir. São 19h00 e a música de Biffy Clyro vinda do palco principal já se faz ouvir. O recinto dos NOS Alive está meio composto e o sol ainda brilha quando a jovem de 19 anos se levanta em conjunto com as três amigas, todas de Liverpool, para posar para a câmara do Observador. A ideia é capturar os melhores visuais do primeiro dia da décima edição do festival de música. Calções curtos, tops reveladores colados ao corpo, cabelos entrançados e óculos de sol a completar o look: a primeira fotografia está tirada.

À semelhança de Amy, Hannah, Emily e Anna, o quarteto que veio da cidade que viu nascer os Beatles, são muitos os estrangeiros que já ocupam o recinto à beira-rio e que este ano anda menos poeirento, depois de a organização ter decidido cobrir parte do espaço com relva sintética. E é por lá que encontramos Kate French que, apesar do apelido, chegou de Londres para prestar homenagem aos Radiohead, banda que atua esta sexta-feira. Foi a cor, o amarelo vibrante, que a seduziu na hora de escolher a roupa. Kate queria dar nas vistas e assim conseguiu: o macacão é fluído e o decote em V profundo q.b.

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Holly comprou o kimono especificamente para o NOS Alive. MICHAEL M. MATIAS / OBSERVADOR

Não são muitas as peças de roupa alongadas, a cobrir o corpo, que encontramos no recinto. Tal como manda o código de estilo festivaleiro — se é que ele existe –, são os shorts e os crop tops que dominam a passarela urbana do NOS Alive. De ganga clara ou escura, com ou sem os rasgões da moda, os calções colam-se às pernas femininas com uma facilidade tal que, quando nos deparamos com Holly, é difícil não olhar duas vezes. Isto porque o body suit preto, a fazer lembrar um fato de banho justo ao corpo, está escondido pelo kimono que a jovem de 19 anos comprou especificamente para o festival.

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Vinda de Hartlepool, também na Inglaterra, Holly pensou em tudo ao pormenor porque queria ser fotografada, fosse por estranhos ou por conhecidos. Mas não é só a vestimenta tradicional japonesa que é nova. A adolescente foi ainda à loja buscar os sapatos, o tal body suite e a mala dourada que, num instante, puxa para a frente da câmara. Só as tatuagens nos gémeos é que já lá estavam.

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Johannes de Bruin está há três anos a deixar crescer a barba. MICHAEL M. MATIAS / OBSERVADOR

No NOS Alive o estilo não é estritamente britânico e a comprová-lo está Johannes de Bruin, que aos 37 anos deixou temporariamente a África do Sul para vir mostrar aos portugueses (e não só) o visual que usa nos festivais de verão — falamos da jardineira mas também dessa barba que anda há três anos e meio a deixar crescer. O cuidado capilar é tanto que no bolso traz um pente azul e um boião de cera, não vá o diabo — como quem diz o vento ou chuva — tecê-las.

Felizmente o dia demora a arrefecer, coisa que os calções justos (e suas gentes) agradecem. Christina também, embora tenha vindo prevenida para o Alive. A alemã de 35 anos diz que é tal qual uma cebola: às duas peças de roupa que traz vestidas, a fazer pandam com os shorts pretos, pode acrescentar a qualquer momento a camisola com capucho que está na mala do namorado.

E no meio de tantos britânicos, alguns espanhóis, franceses e canadianos, encontramos um sósia do ainda melhor jogador do mundo. Escreve-se “Chris” à inglesa, mas o que ele veste é bem português: e vai um fervoroso “Simmmm!” assim que o fotografamos com o equipamento de Cristiano Ronaldo. É que o Alive até pode ser um palco para o mundo — tanto para quem canta como para quem ouve –, mas ainda se faz por terras lusas.