Elogioso. Não podia ser outro o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, hoje que o Presidente da Republica recebeu os vencedores do Euro 2016 no Palácio de Belém. Mas o primeiro elogio, o mais pessoal de todos, não foi para nenhum dos internacionais, mas para quem os treinou: Fernando Santos. “Ó, Fernando, que liderança tão inteligente, tão serena, tão calma, tão resistente, tão persistente, sem nunca ter medo de nada. Nunca. E vencemos!”, disse, visivelmente orgulhoso.

Depois do selecionador, foi altura do elogio aos jogadores, que estavam (a maioria de óculos escuros, acenando a cada palavra) em frente ao Presidente. “Eu disse, há precisamente um mês e três dias, que vocês eram os melhores. E muita gente ao longo deste mês disse: eles são bons, mas têm sorte. Está provado, com o título, que não há acaso, nem sorte, nem vocês são banais; são os melhores da Europa — e toda a Europa o disse.”

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a união de caracterizou a Seleção em França foi a razão do sucesso: “É tão importante um golo genial de calcanhar [de Ronaldo, contra a Hungria], como uma defesa de um penálti [de Patrício, contra a Polónia] que permite a passagem aos ‘quartos’.” Cristiano Ronaldo, naturalmente, por ser o capitão, pela lesão que teve na final e o obrigou a sair cedo, foi destacado pelo Presidente da República. Mas não (apenas) pelo que jogou; Marcelo elogiou-o pela liderança… fora do relvado. “Um de vocês — nós sabemos qual [Raphael Guerreiro] –, a três minutos do fim não estava obviamente em condições de continuar. Mas obviamente o capitão [Ronaldo] disse: ‘Vai lá para dentro.’ E ele foi. E aguentou até ao final. Foi esse espírito coletivo que nos deu a vitória.”

No final, o Presidente da República condecorou os jogadores, um por um. São hoje Comendadores – mas ainda não com as medalhas devidas, porque não se concluíram a tempo da cerimónia. Marcelo Rebelo de Sousa explicou a razão da condecoração: “Os jogadores, os que jogaram mais e os que jogaram menos, têm todos a mesma condecoração. Aqui não há jogadores de primeira e de segunda. Nem de terceira. Mas essa não é a vossa maior condecoração. A maior condecoração foi a do povo português, que tem orgulho e gratidão pelo que fizeram.”

Se o título no Euro vai mudar tudo? Não. Ainda não. “Continuamos a ter problemas económicos, políticos e sociais. O dia de hoje é, nesse sentido, igual ao de ontem. Mas não é. Há uma diferença: a diferença foi o vosso exemplo, do que é ganhar com coragem, determinação e humildade. E isso faz a diferença. Hoje temos mais razões, devido a vocês, para acreditarmos em Portugal”, terminou o Presidente, mas não sem antes soltar um grito de triunfo:“Viva Portugal!”

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