Até que ponto é que a angústia e as perturbações mentais influenciaram o trabalho do pintor é o que tenta explicar uma nova exposição, no Museu Van Gogh, em Amesterdão. Pinturas, cartas e até o revólver utilizado pelo pintor para se suicidar são elementos revelados a todos aqueles que procurarem saber mais sobre os últimos meses de vida do artista. Tudo isto até 25 de setembro na capital holandesa.
Van Gogh’s illness, ear & suicide explored in depth at exhibition On the Verge of Insanity: https://t.co/izUhvkvmXA pic.twitter.com/u0K3QvcV88
— Van Gogh Museum (@vangoghmuseum) July 12, 2016
Cerca de um ano antes de morrer, Van Gogh cortou a orelha esquerda. Foi um estado de loucura ou de desespero que o terá levado a cometer tal ato? É uma das questões abordadas numa exposição onde também serão revelados mais pormenores sobre esta mutilação com a apresentação de um livro da investigadora Bernadette Murphy, Van Gogh’s Ear: The True Story.
Existe uma carta do médico Félix Rey (ver galeria) que tratou de Van Gogh logo após a mutilação num hospital em Arles, localidade no sul de França. Este documento, que contém esboços do próprio pintor, foi encontrado na biblioteca de Bancroft, nos EUA, e emprestado agora ao museu de Amesterdão. É a prova definitiva para pôr termo às eventuais dúvidas quanto à extensão dos danos autoinfligidos. É possível ver que a mutilação foi quase total.
[veja aqui a história desta carta]
Em declarações ao The Art Newspaper, o curador da exposição “À Beira da Loucura: Van Gogh”, Nienke Bakker, sublinha que o trabalho de Van Gogh “não deverá ser visto como um produto da sua doença; antes, devemos ter em consideração que o artista pintou apesar da sua doença”.
Mesmo à luz de relatos da época, não se consegue fazer um diagnóstico definitivo a Van Gogh. Por isso, a exposição demonstra várias hipóteses médicas que explicariam o tormento pelo qual passava o artista.
Certo é que Vincent Van Gogh não colocava a hipótese de ser tratado num asilo, mas a doença levou a melhor e acabou por suicidar-se em 1890, aos 37 anos. A arma utilizada pelo artista está também na exposição que se foca mais nos últimos 18 meses de vida do pintor.
Entre a história e os artefactos é possível olhar para o pintor com mais admiração. E o revólver que Van Gogh utilizou não será apenas para satisfazer a curiosidade mórbida, mas para criar uma dimensão mais real de um artista reconhecido por todo o mundo. Terá sido um agricultor quem lhe deu a arma, nas traseiras da casa do pintor em Auvers-sur-Oise, perto de Paris.
O revólver está corroído pelo tempo, mas ainda se encontra destravado. Como que a lembrar que Van Gogh não foi só torturado pela sua mente. Morreu em agonia, à espera que o ferimento provocado pela bala o acabasse por matar, 30 horas depois de ter disparado.