Foi em 1893 que o engenheiro alemão Rudolf Diesel inventou o motor que, em sua homenagem, acabou por receber o seu apelido – não falta, até, quem identifique o combustível que o alimenta da mesma forma. No Japão, reza a história que o primeiro motor a gasóleo nasceu quase um quarto de século mais tarde, em 1907, pelas mãos da marinha japonesa. Mas mais para efeitos de pesquisa do que para uma utilização prática. O que não desmotivou as empresas privadas de dar continuidade aos seus esforços para desenvolver os motores diesel para vários fins, incluindo para a indústria automóvel.

É mais ou menos por esta altura que se encontram as origens da Isuzu. Tudo começou em 1916, com a fusão de uma empresa de construção naval, a Tokyo Ishikawajima Shipbuilding and Engeneering Co., com um grande operador de energia de então, a Tokyo Gas and Electric Industrial Co., tendo em vista a construção de automóveis. O primeiro modelo a sair das linhas de produção foi, também, o primeiro automóvel fabricado no Japão: o Wolseley A-9, de 1922.

O ano de 1934 foi especialmente importante para a companhia, então conhecida como Automobile Industries Co. Ltd. Desde logo por ter sido o da estreia comercial do nome do rio que passa na cidade de Ise, com a sigla Isuzu a ser, nessa altura, utilizada para identificar um novo modelo. Mas também porque o então presidente da empresa, como parte da sua estratégia operacional, decidia criar um comité para o desenvolvimento dos motores diesel.

A visão provou ser a correcta e depressa deu os seus frutos: apenas dois anos mais tarde, em 1936, era lançado pela empresa o primeiro motor diesel japonês refrigerado a ar, um verdadeiro marco para o desenvolvimento dos motores a gasóleo. Ao equipar veículos tanto militares como civis, este bloco rapidamente provou a sua supremacia face aos projectos da concorrência.

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Em 1937 a Automobile Industrie fundiu-se com mais duas empresas, dando origem à Tokyo Automobiles Industries Limited, que em 1941 foi a única companhia a receber permissão do governo japonês para produzir veículos animados por motores diesel. Desde então, aquela que a partir de 1949, já passada a II Grande Guerra, passou a ser conhecida como Isuzu Motors Limited, deixou a sua marca no domínio dos motores a gasóleo.

O período do pós-guerra foi particularmente fértil para a indústria japonesa em geral, empenhada que estava em fazer renascer um país arrasado pelo confronto bélico. A indústria automóvel não constituiu excepção e a Isuzu também não: em 1950 lançava o DA80, o primeiro motor V8 a gasóleo japonês, destinado a camiões. Marcante, a sua tecnologia de pré-câmara de combustão, que acabou por ser o padrão para os motores diesel da época, e que mais tarde deu origem à câmara de combustão de injecção directa, solução que impressionou pelo seu desempenho.

Mas nem por isso os automóveis ligeiros de passageiros ficaram esquecidos. Recorde-se o Hillman de 1953, que uma década volvida deu origem ao muito popular Bellett. Em 1974, a parceria estabelecida com a General Motors permitiu fazer nascer o Gemini, já na altura concebido para ser um “automóvel mundial”. E, em 1981, o compacto RodeoBighorn tornava-se no primeiro 4×4 do seu segmento.

Hillman

Gemini

Bellet

Bighorn

Quanto aos motores diesel, continuaram a ser preocupação cimeira da Isuzu. O primeiro destinado a automóveis de passageiros foi o DL201, apresentado em 1961, com a sua versão DL200 a ser instalada em 1964 no Elf, considerado o primeiro ligeiros de mercadorias japonês, e para cuja invejável aceitação muito contribuíram a economia e durabilidade da sua unidade motriz. Com a eclosão do primeiro choque petrolífero, em 1973, chegaram os primeiros motores Isuzu a gasóleo com turbocompressor e intercooler.

Nova crise petrolífera, em 1979, ditou a obrigatoriedade de criar motores mais eficientes e económicos, numa altura em que começaram a surgir, também, as primeiras preocupações com os níveis de poluição do sector dos transportes, tanto atmosférica como sonora. A Isuzu responde com a introdução de soluções como os turbos de controlo electrónico, a gestão electrónica dos motores ou as velas de incandescência, para supressão da função de pré-aquecimento no arranque dos motores diesel – garantida por uma inovadora vela cerâmica com resistência e controlo electrónico, foi uma inovação a nível mundial da marca japonesa que rapidamente se tornou indispensável, sobretudo entre os motores a gasóleo destinados a automóveis de passageiros.

Actualmente, os modelos da Isuzu são distribuídos em mais de 100 países, sendo a marca um dos principais fabricantes do mundo de motores diesel, de pick-ups e veículos comerciais. Representada em Portugal pelo Grupo Bergé, a Isuzu atravessa um período de grande crescimento entre nós (+72%), e tem previstas várias iniciativas promocionais para comemorar o seu centenário, incluindo novidades de produto a disponibilizar brevemente pela sua rede de distribuidores.