O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, e o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob J.Lew, concordaram que os responsáveis políticos devem trabalhar para reduzir os efeitos negativos do ‘Brexit’.

“Estamos de acordo que os responsáveis políticos têm que fazer tudo para que a decisão tomada pelo Reino Unido (a favor da saída do país da União Europeia) tenha o menos efeitos negativos possíveis”, afirmou Schäuble depois de um encontro com Lew em Berlim.

Nesse contexto Schäuble, depois de ter expressado compreensão pelo facto de que o novo Governo britânico precisa de tempo para clarificar as suas posições face às negociações sobre a saída da UE, advertiu que “quanto mais depressa se consiga clarificar mais fácil será reduzir os riscos”.

Por outro lado, Lew afirmou que no interesse “do Reino Unido, da UE, dos Estados Unidos e de todo o mundo” se devem procurar umas negociações construtivas e pragmáticas nas quais as duas partes devem mostrar flexibilidade.

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“As duas partes devem mostrar flexibilidade para que se encontram soluções”, disse Lew, que se mostrou satisfeito com que, apesar da volatilidade que houve nos dias imediatamente posteriores ao referendo, as coisas tenham funcionado sem problemas, atribuindo o a este fato as reformas que se fizeram desde o início da crise financeira.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, depois da visita a Berlim, viajará a Londres, onde se reunirá com o novo ministro das finanças britânico, Philipp Hammond, com quem Schäuble, segundo disse, falará pelo telefone nas próximas horas.

Schäuble evitou comentar em pormenor uma ideia de Hammond, segundo a qual o Reino Unido sairia da UE e do mercado único mas mantendo o acesso a este para as suas instituições financeiras.

“É uma posição que é compreensível, mas também é compreensível que os países europeus e a Comissão não queiram entrar em pontos concretos enquanto não começarem as negociações”, afirmou.

Confrontado com a nomeação de Boris Johnson para ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e com declarações do mesmo contra a UE durante a campanha para o referendo, Schäuble recordou a tradição alemã de arquivar determinadas coisas que se dizem numa luta eleitoral no dia a seguir ao resultado.

“A sua pregunta recorda-me que às vezes é uma vantagem não perceber tudo o que se diz em inglês”, afirmou Schäuble, acrescentando que “o facto dos alemães terem tido boas experiências com o costume de arquivar o que se diz durante uma campanha eleitoral no dia a seguir ao resultado” faz com que sigam este caminho.

Lew, que se viu confrontado com umas declarações de Johnson de que a candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hilary Clinton, tinha “uma auréola de enfermeira sádica”, concordou com Schäuble no sentido de que o que se disse durante a campanha deve ser agora coisa do passado.