Um manifesto conta a prospeção e exploração de petróleo e gás natural está na origem do Movimento “Futuro Limpo”, que vai ser esta quinta-feira apresentado em Lisboa, numa iniciativa que conta com outras associações que lutam pelo mesmo objetivo, disse um dos fundadores.

O realizador de cinema António-Pedro Vasconcelos é também dirigente da Associação Peço a Palavra, uma das que integram o movimento, e explicou a agência Lusa que o manifesto foi “subscrito por mais de 100 personalidades da vida portuguesa, desde professores a artistas”, e está na origem da iniciativa que vai ser apresentado às 19:00, no cinema São Jorge, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.

“Esse manifesto deu origem ao movimento, cuja finalidade é mobilizar a opinião pública para se opor àquilo que nós consideramos que é um crime ambiental, económico e social, nomeadamente na região do Algarve”, afirmou, numa referência às licenças atribuídas a consórcios internacionais para que façam prospeção de gás natural e petróleo, tanto no mar como em terra, em Portugal, mas sobretudo no Algarve.

A região algarvia é, segundo o realizador, a que “está mais exposta e a que seria mais afetada” por um eventual problema ambiental causado pela exploração de petróleo, “uma vez que é uma região que vive do turismo, sobretudo na zona da Costa Vicentina e do lado de Tavira, e atrai um turismo que procura praias e ambientes limpo”.

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António-Pedro Vasconcelos apontou algumas das razões que fazem o Movimento “Futuro Limpo” se opor à exploração de hidrocarbonetos, como o facto de esse tipo de energia estar “em contraciclo” e de “os prejuízos económicos relativamente ao que se recebe serem enormes”.

“Portugal assinou o acordo de Paris para reduzir as emissões provenientes de combustíveis fósseis, um dos grandes fatores que originam a poluição e o aquecimento global”, acrescentou, lamentando que os contratos já realizados tenham sido “feitos de uma forma que deixa dúvidas do ponto de vista legal” e “de uma maneira muito pouco transparente”.

A mesma fonte considerou que “há uma sucessão de razões” para que a sociedade civil se mobilize e lute contra este tipo de explorações, como já vem acontecendo com “dezenas de associações ambientalistas e movimentos, designadamente no Algarve”, que se têm oposto e contestado este processo e vão estar também na apresentação de hoje.

“A primeira iniciativa que vamos fazer é apresentação do Movimento no São Jorge a partir das 19:00, para sensibilizar a opinião pública, mas sobretudo para tentar juntar e reunir todas as associações ambientalistas e movimentos, que têm obviamente a sua autonomia de ação e nem todas pensam da mesma maneira, mas concorrem na mesma direção, para dar força ao movimento, trocar impressões e definir estratégias naquilo que for possível trabalhar em comum”, explicou numa referência ao encontro de hoje em Lisboa.

António-Pedro Vasconcelos disse ainda que está a ser também “estudada a possibilidade de se apresentarem providências cautelares” para travar os contratos de exploração e prospeção de hidrocarbonetos, à semelhança do que hoje foi feito pela Associação de Municípios do Algarve (AMAL).