Duden… quê? Dudenhofen. Se tem um Opel, fixe este nome, porque é nesta terreola da Alemanha que se encontra o maior centro de testes da marca germânica na Europa. É por lá que há uns rapazes especializados em massacrar o seu carro, muito antes de ele chegar às suas mãos. Portanto, se acha que a sua mulher, ou o seu marido, não trata com o devido carinho o automóvel da família, está mesmo a precisar de conhecer esses “mauzões”, para se livrar do azedume.

Na prática, apesar de fazerem trinta por uma linha ao seu veículo, eles até são bons rapazes. Dedicam-se àquilo a que a indústria chama de “desenvolvimento de produto”, ou seja, sem eles o seu carro não seria tão seguro, confortável e eficaz. O que é que estes especialistas fazem para garantir isso? Isso são outros quinhentos – ou curvas a 250 km/h sem as mãos no volante. Sim, um rigoroso programa de testes para desenvolver um modelo, antes de ele entrar em produção, implica necessariamente muitos malabarismos.

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Preparado para saber toda a verdade?

Os “acrobatas” da Opel em Dudenhofen estão no activo há 50 anos. Aliás, para comemorar o meio século deste centro de testes, a 10 de Setembro, a marca vai abrir as suas portas a fãs e funcionários, permitindo-lhes ver os bastidores do que por lá se faz. O Observador antecipa-se e revela-lhe já toda a verdade.

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Primeiro, a versão “com pinças”: no maior centro de testes da Opel em solo europeu há preocupações ambientais, tanto que ainda lá está o mais antigo pinheiro de Hesse – uma árvore com 275 anos. E, nas imediações, pastam tranquilamente os raros cavalos de Przewalski, animais selvagens que ainda não desapareceram por completo, graças a programas que visam evitar a sua total extinção – um deles, em Babenhausen, apoiado pela Opel desde 2009.

Agora, a versão sem piedade. Dudenhofen é uma espécie de campo de tortura “non stop” para os novos modelos da marca germânica. Os funcionários deste centro de testes trabalham em três turnos, sete dias por semana. Não dão descanso aos veículos. No seu conjunto, os pilotos percorrem diariamente cerca de 40 mil quilómetros e “queimam” 500 pneus por mês. E se Dudenhofen começou por ser apenas um campo de ensaios de 2,6 km2, com uma pista de 33 km de extensão, os investimentos que entretanto foram aí efectuados multiplicaram largamente a dureza das provas. Em 2020, será bem “pior”, pois a marca encetou em 2013 a expansão e a modernização do centro de testes, onde vai investir entre 80 a 90 milhões de euros.

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Mas os rapazes de Dudenhofen já têm muito com que se entreter: seja a pista de alta velocidade, uma zona para testar a aderência, outra para verificar os níveis de conforto e de isolamento acústico, e diversas pistas de “tortura” e de análise do comportamento dos veículos. Para ter uma ideia, os homens da Opel não se poupam a esforços. A ponto de a pista de alta velocidade, com 5 km de comprimento e curvas com 33º de inclinação, ter de ser renovada em 1992 devido à sua elevada taxa de utilização. E voltou às obras em 2012, para que agora os pilotos descrevam as curvas até a uma velocidade de 250 km/ h, sem a influência de qualquer força lateral, o que lhes permite inclusivamente tirar as mãos do volante. Sem riscos: uma estação meteorológica interna informa sobre as condições de humidade, velocidade e direcção do vento, dados esses que são complementados recorrendo a sensores embutidos na superfície da pista, os quais dão conta permanentemente da temperatura e do grau de humidade do asfalto.

A derrapagem é testada num círculo com um diâmetro de 100 m, revestido com um cimento especial, que se utiliza para determinar o comportamento da direcção e a eficácia do modelo em curva. Já a comodidade a bordo e o isolamento acústico são postos à prova numa pista com 4,4 km de extensão. Como se não bastasse, em 2004, foi adicionada uma pista oval, com um sistema de rega e de drenagem. Aí têm palco arranques molhados e “slaloms” estonteantes. Literalmente. Há ainda um banco de ensaios para veículos com quatro rodas motrizes, uma oficina para os chassis capaz de armazenar 8.000 jantes/pneus, juntamente com três bancos de ensaio para sistemas de escape. E uma pista a que os homens da marca alemã chamam de “longa recta”: 2 km sempre a abrir, com várias faixas, uma zona de inversão de marcha e curvas cuja inclinação foi determinada para que as quatro rodas suportem exactamente a mesma carga que suportariam em recta. Objectivo? Permitir que os testes de travagem em curva produzam os mesmos resultados que em recta. Para tudo isto “bombar”, há que atestar o depósito dentro de portas – o centro de testes possui uma estação com 32 bombas e 16 tipos de combustível.

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“Esfrega” concentrada

Quando um novo produto é testado em Dudenhofen, isso significa que tem de ser um valente. Tem de ser capaz de enfrentar e superar 40 mil quilómetros nas exigentes condições do campo de ensaios, o que equivale a cerca de 200 mil quilómetros ou 15 anos de utilização em condições normais. A pista de “endurance” trata de garantir a resistência dos veículos aos maus-tratos do dia-a-dia. Diferentes tipos de piso, desde asfalto a empedrado, lombas e curvas de todas as maneiras e feitios permitem aos engenheiros controlar a performance e a qualidade dos protótipos, antes de decidirem que as soluções podem passar à produção em série. Não se têm “safado” mal – o Astra foi submetido, em apenas 24 semanas, ao esforço equivalente a todo o seu ciclo de vida, e foi eleito Carro Europeu do Ano 2016.