Já são conhecidos os primeiros jogos da liga de futebol portuguesa para a época 2016/2017. O campeonato abre logo com um clássico entre Sporting e FC Porto, na terceira jornada, a 28 de agosto. Nessa ronda, o Benfica também tem uma deslocação difícil à Madeira, para enfrentar o Nacional.

O campeonato arranca a 14 de agosto com uma visita do Benfica a Tondela e com uma deslocação do FC Porto a Vila do Conde para medir forças com o Rio Ave — curiosamente o último clube de Nuno Espírito Santo antes de se mudar para o Valência. Os leões de Jorge Jesus começam o campeonato em casa, frente ao Marítimo.

À 10ª jornada há novo clássico: o Benfica visita o Estádio do Dragão para enfrentar o FC Porto. Os dois clubes encontram-se a 6 de novembro. Nessa jornada, o Sporting recebe o Arouca.

Três jornadas depois, é a vez de o Benfica medir forças com o Sporting no Estádio da Luz. O encontro tem lugar a 11 de dezembro. E aqui há um detalhe importante: as contas do campeonato poderão muito bem ficar seladas quando o Benfica visitar Alvalade na segunda volta, já quando a liga caminhar para o fim.

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Fonte: Liga Portugal

O sorteio tinha algumas condicionantes. Estas duas eram as principais: os três grandes não podiam jogar entre si nas duas primeiras jornadas; Benfica e Sporting, FC Porto e Boavista, Sp. Braga e Vitória de Guimarães e Nacional e Marítimo não podiam jogar em casa ou fora, em simultâneo, na mesma jornada.

Portuguese League Cup Final: Maritimo vs Benfica

O Benfica mudou pouco, mas perdeu o pulmão ousado e a magia de uma canhota: Renato Sanches (Bayern Munique) e Nico Gaitán (At. Madrid) saíram e prometem deixar saudades. A figura, ainda mais agora com a camisola 10, foi e será Jonas, o homem das pistoladas certeiras para as balizas do inimigo. Para colmatar os suspiros que a saudade provocará entre as gentes da Luz, os atuais campeões nacionais contrataram vários jogadores (jovens): Kalaica, André Horta, André Carrillo, Cervi, Celis, Benítez e Zivkovic.

O Benfica é tricampeão e persegue o tetra, algo que nunca aconteceu. O próprio tri não acontecia desde 1977, quando a equipa de John Mortimore, com Nené e Chalana com os pés quentes, ficou nove pontos à frente do Sporting. Tem a palavra Rui Vitória, que se estreou nestas andanças dos grandes e logo com um título no bolso:

“Dentro do campo acho que vai ser um campeonato bem disputado, bem competitivo, como tem sido apanágio nestes últimos anos, quer sejam dois, três ou quatro candidatos ao título”, afirmou Rui Vitória, em declarações à BTV, no dia do arranque da pré-época encarnada. “Fora de campo não nos preocupa muito, pois seremos muito proativos e muito respeitadores com os valores que defendemos.”

A pré-época das águias não terá as aventuras americanas, pelo que haverá menos dinheiro na carteira, mas mais energia nas pernas e oxigénio na cabeça. O primeiro jogo de preparação mais a sério foi contra o Vitória de Setúbal de José Couceiro, na quinta-feira — ficou 0-0. O primeiro onze de Rui Vitória: Paulo Lopes, Grimaldo, Luisão, Jardel, Nélson Semedo, Fejsa, João Teixeira, Carrillo, Pizzi, G. Guedes, Jovic.

Sporting de Braga vs Sporting

O Sporting continuará com uma liderança forte, de alguém que vive com a ambição lado a lado, como uma sombra que não desarma. Jorge Jesus quer mais. Ganhou três campeonatos com o Benfica, mas isso já lá vai. É passado. Agora quer ganhar com o clube do coração e aquele onde o seu pai jogou, um pouco antes de entrarem em palco os Cinco Violinos. O Sporting não vence o campeonato desde 2002.

Na época passada, Slimani foi a grande figura, pelos golos que nunca mais acabavam: o argelino marcou 27 golos no campeonato. Atrás dele, Jesus cozinhou um meio campo de grande qualidade, que seria a base do futuro campeão europeu, em Paris. William Carvalho, João Mário e Adrien encantaram por muitos relvados portugueses, mas o que surpreendeu mesmo foi a capacidade de trabalho e o sacrifício quando a bola não obedecia como era costume. O coração dos leões estava ali, com uns toques de perlimpimpim de Bryan Ruiz, um costa-riquenho com muita pinta.

https://www.youtube.com/watch?v=KarxxobeMLU

Os reforços, para já, são jogadores do meio campo para a frente. Iuri Medeiros, um rapaz da casa que deu nas vistas no Moreirense, está de volta. Petrovic, ex-Dinamo Kiev, está em Alvalade para fazer de Matic, um jogador que encantava Jesus. Alan Ruiz é o criativo de quem se espera o céu. Spalvis é um avançado ex-Aalborg, ainda desconhecido.

A Europa ficou, como não podia deixar de ser, de olho nos jogadores do Sporting: Rui Patrício, João Mário e William terão muito mercado. Jorge Jesus vai andar a coçar a cabeça até final de agosto, altura em que fecha o mercado de transferências.

No primeiro teste na pré-época (esquecendo o duelo com os bês), contra o Mónaco de Leonardo Jardim, os leões sofreram uma derrota por 4-1. O primeiro onze de Jorge Jesus: Azbe Jug; Schelotto, Coates, Semedo e Marvin; Petrovic, Bryan Ruiz, Gelson, Matheus; Podence e Barcos

FC Porto's new coach Nuno Espirito Santo presentation

O FC Porto vive nova revolução no futebol. São já três anos sem vencer nada. A redenção poderia ter chegado no Jamor, mas os deuses do futebol não estavam para aí virados e deram a glória ao Sp. Braga. Curiosidade: José Peseiro era o treinador do FCP e agora vai treinar os minhotos.

Nuno Espírito Santo é o novo treinador. Depois de um trabalho muito bom na primeira época no Valencia, o português saltou fora na segunda época. O ex-guarda-redes que inventou o slogan “somos Porto” é olhado como um homem da casa, que poderá reerguer das cinzas o orgulho portista. E assim tentará colocar a equipa ao nível da cidade: Invicta.

“Tenho a convicção absurda que vamos ganhar sempre”, disse Nuno na apresentação, no Estádio do Dragão, ao lado de Jorge Nuno Pinto da Costa. “Garanto à nação portista que, com trabalho e união, vamos conseguir o que todos pretendem: ganhar. (…) Confio que os jogadores consigam aglutinar o sentimento de ser Porto. Ser Porto é um sentimento, é uma mística. Ser Porto é ganhar.”

O discurso está lá. É tempo de apelar ao povo, à corrente de energia, ao coração. É hora de lamber as feridas e olhar para a frente. Jorge Jesus fez o mesmo quando chegou a Alvalade, prometendo acordar o leão adormecido…

Nuno tem dois reforços à sua disposição — Alex Telles e João Carlos Teixeira — e ainda os regressados Otávio, Hernâni e Quintero, o número 10 que faz o mais romântico dos adeptos fechar os olhos e imaginar uma canção de amor. A culpa é daquele pé esquerdo.

O FCP já desenferrujou as pernas contra o Valadares: 10-0. Os golos saíram das botas e cabeças de Otávio, André Silva, Sérgio Oliveira — estes três bisaram –, Hernâni, Ivo Rodrigues, João Carlos Teixeira e Zé Manuel.

Não é possível dizer qual foi a equipa escolhida por Nuno, pois o jogo foi à porta fechada, mas sabe-se que o ex-treinador do Rio Ave e do Valencia utilizou Andrés Fernández, José Sá, Ricardo Nunes, Aboubakar, André André, André Silva, Brahimi, Chidozie, Evandro, Felipe, Hernâni, Ivo Rodrigues, João Teixeira, José Ángel, Josué, Marcano, Martins Indi, Otávio, Quintero, Rafa, Rúben Neves, Sérgio Oliveira, Varela, Víctor García e Zé Manuel. Segue-se um estágio na Holanda.

O filme da última época

O Benfica, ressacado de Jorge Jesus e sem pedalada, foi um desastre no arranque da nova época. Perdeu logo a Supertaça para o Sporting. O ego do treinador do Sporting ganhou asas e começou a minar a confiança alheia. As certezas pareciam menos incertezas na Luz. Houve várias acusações, disse-se coisas menos simpáticas, foi-se longe de mais. Muitas vezes.

Continuando: em outubro os rivais voltaram a defrontar-se, no Estádio da Luz. Foi uma tareia de alto gabarito: 3-0 para os leões (ao intervalo!). Os jogadores que vestem de verde engoliram os de vermelho, que pareciam medrosos na própria casa. Os alarmes soaram entre o povo benfiquista. Não era razão para menos…

Por esta altura, e pouco antes, o FC Porto de Julen Lopetegui já sabia a que cheirava a liderança. Os dragões pareciam mais coesos e certos do rumo. O FCP do basco só perderia em janeiro, contra o Sporting.

Jorge Jesus voltaria a bater a antiga equipa na Taça de Portugal, num jogo que daria que falar pelo duelo entre Slimani e Samaris. Foi a tal história da (alegada) agressão.

À 17ª jornada, o FCP despachou o treinador espanhol e meteu Rui Barros na frente da equipa, para orientar cinco jogos. Na estreia, o pequeno génio que passou pelas Antas e Vélodrome esmagou o Boavista por 5-0. José Peseiro entraria na jornada 19. O registo do treinador não seria famoso: 22 jogos, 13 vitórias, um empate (único empate foi na final da Taça) e oito derrotas. Mais: o FCP ficou a quinze pontos de atraso para o futuro campeão nacional. Quinze.

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Entre uma converseta sobre cebolada e ideias novas, Rui Vitória decidiu apostar em Fejsa, Pizzi e Renato Sanches para o duelo em Braga, em novembro. Foi esse momento que marcou a reviravolta da época do Benfica, já agastado pela batalha das palavras (e das derrotas) com o eterno rival. Vitória acertou na fórmula e a equipa estava convencida, começou a vencer.

Em fevereiro, uma goleada no Restelo oferecia a liderança ao Benfica, que a perderia a seguir contra o FC Porto na Luz, na 22ª jornada. Foi um balde de água fria. Foi o melhor jogo dos encarnados contra os grandes, mas resultou numa mão cheia de nada. Os leões, famintos e focados, recuperaram o que era deles há muito. Mas o Benfica faria o impensável: vencer todos os jogos entre as jornadas 23 e 34…

https://www.youtube.com/watch?v=qel8Z8VgeHo

Entre essas vitórias conta-se a do Sporting-Benfica, em Alvalade. O jogo foi dominado e controlado pelos homens da casa. Jesus tinha o jogo na mão, a coisa parecia estar bem encaminhada. O Benfica não sabia como fazer mossa, Mitroglou era uma ilha deserta na frente. Aquilo estava sentenciado, até que o grego ganhou espaço, foi mais astuto do que William Carvalho, e empurrou com a trivela da canhota para o 1-0. Foi aí que as águias recuperaram a liderança e nunca mais a largariam. Rumo ao tri (e à vitória na Taça da Liga vs. Marítimo).

Na Europa, o Benfica atingiu os quartos-de-final da Liga dos Campeões, caindo com o Bayern Munique de Pep Guardiola. Tanto Sporting e FC Porto caíram nos 1/16 de final da Liga Europa, contra rivais alemães: os leões perderam com o Bayer Leverkusen, enquanto os dragões sucumbiram perante o Borussia Dortmund.

Agora, já se sabe, passado é passado. Venha a nova época para mais um “rrrrrrrrrola a bola!”. Senhoras e senhores, mais uma moedinha, mais uma voltinha…