A candidatura de Manuel Pinto da Costa, candidato derrotado nas presidenciais de domingo em São e Tomé e Príncipe, remeteu para mais tarde uma posição oficial, perante as suspeitas de fraude.

Na contagem preliminar feita pela televisão são-tomense, “os dados apresentados (…) apontavam claramente para a existência de uma segunda volta já que, mesmo não conhecendo os resultados de algumas mesas do distrito de Água Grande, o número de eleitores inscritos não era de natureza a influenciar os resultados até aí divulgados”.

Evaristo Carvalho, candidato apoiado pelo partido governamental Ação Democrática Independente (ADI), esteve sempre à frente na contagem preliminar dos votos mas só após a verificação dos boletins no distrito de Água Grande, onde se localiza a capital São Tomé, é que passou a ter mais de 50% dos votos, ganhando as eleições à primeira volta.

Durante a madrugada de domingo os ‘média’ estatais interromperam a emissão dos resultados, retomando-a cerca das 04:00 locais (05:00 em Lisboa), dando a vitória ao candidato governamental.

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Nesse momento, “a candidatura [de Manuel Pinto Costa] foi surpreendida pelo anúncio da vitória logo à primeira volta do candidato Evaristo Carvalho, sem que os resultados das mesas atrás referidas tivessem sido previamente divulgados.”

“Perante tais factos, que podem indiciar a existência de graves irregularidades do processo de apuramento dos resultados” a candidatura “reserva-se no direito de não se pronunciar sobre os resultados provisórios apresentados, até que esta situação seja devidamente esclarecida”.

Fonte da candidatura de Manuel Pinto Costa disse à Lusa que estão a ser contabilizadas as eventuais irregularidades, um processo lento porque é feita uma contagem mesa a mesa. Só depois, a candidatura irá apresentar um recurso junto do Supremo Tribunal de Justiça, uma ação que já foi feita pela candidatura de Maria das Neves, a terceira classificada.

As eleições presidenciais de São Tomé e Príncipe realizaram-se no domingo e votaram cerca de 71 mil eleitores, com uma abstenção de 35,91%, segundo o presidente da Comissão Eleitoral, Alberto Pereira.

O candidato da ADI teve maioria dos votos dos distritos de Água Grande, Mé-Zóchi, Caué, Lobata, Cantagalo, Lembá e nos círculos eleitorais fora do país — Portugal e Gabão. Maria das Neves venceu na região autónoma do Príncipe e em Angola. Pinto da Costa venceu apenas na Guiné Equatorial.