O agave-azul é uma planta que de algum modo se assemelha a um abacaxi gigante, e é conhecida da maioria, principalmente, por estar na origem da tequila, ou não fosse a partir desta planta que é destilada a mundialmente célebre bebida mexicana. Agora, também pode servir para a produção de bioplásticos destinados à indústria automóvel, caso cheguem a bom termo as negociações e as pesquisas encetadas pela Ford e pela Jose Cuervo, um dos maiores produtores de tequila do mundo.

As plantas do agave-azul utilizadas na produção de tequila, para além de demorarem, pelo menos, sete anos a maturar, apenas fornecem a esta indústria os seus “corações” (ou “piñas”). Piñas estas que, posteriormente, são assadas 48 horas e arrefecidas durante mais 14 horas, de modo a converter as respectivas fibras em açúcar fermentável. Este açúcar é, em seguida, extraído na sua totalidade através de um processo de moagem, de que resulta um líquido chamado “aguamiel” que, quando fermentado, dá origem à tequila.

Resulta daqui que a ramagem exterior do agave-azul acaba por ser um desperdício, grande parte das vezes, destinado à produção de pasta de papel. E são justamente esta fibras não utilizadas pela Jose Cuervo que o projecto do gigante norte-americano se propõe utilizar como base para um bioplástico leve e resistente, destinado à produção de componentes para veículos automóveis, nomeadamente no revestimento de cablagens, em unidades de aquecimento e de ar condicionado e em recipientes vários.

A própria Ford reconhece que os bioplásticos produzidos a partir do agave-azul poderão não conduzir, por si só, a automóveis mais leves. Mas restarão poucas dúvidas de que o aumento da incorporação de materiais compósitos sustentáveis poderá contribuir para reduzir o peso dos veículos. Para além de que a Ford tem como um dos seus objectivos reduzir o uso de materiais petroquímicos em favor do recurso a bioplásticos, visando reduzir o impacto da sua actividade sobre o ambiente.

Para já, o trabalho desenvolvido pela Ford e pela Jose Cuervo está ainda na fase de pesquisa, não havendo uma data definida para a produção de bioplástico a partir do agave-azul. Até porque, primeiro, haverá que garantir que este satisfaz os padrões requeridos para a sua utilização na indústria automóvel. A materializar-se, este seria mais um passo para aproveitar os cerca de 5000 milhões de biomassa agrícola que, segundo as Nações Unidas, todos os anos é desperdiçada a nível mundial.

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