O embaixador da Guiné Equatorial junto da CPLP desvalorizou a posição do partido CORED, no exílio, que pediu ao Presidente português para que não receba o seu homólogo equato-guineense, e desafiou os seus membros a fazer política no país.

Na semana passada, Raimundo Ela Nsang, secretário-geral do partido Coligação Restauradora de um Estado Democrático (CORED, no exílio em França), divulgou uma carta aberta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa defendendo que, caso receba o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, numa eventual visita a Portugal, estará a dar-lhe legitimidade internacional.

Em declarações à Lusa, o embaixador Tito Mba Ada, da missão da Guiné Equatorial junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), afirmou que o CORED não é um dos 15 partidos políticos legalizados no seu país.

“Se fosse, teria de ter registo no país e participar, juntamente com os outros 15, no país”, disse o diplomata à Lusa.

Tito Mba Ada afirmou que o CORED “é um movimento político que acaba de sofrer uma divisão interna”.

A Guiné Equatorial, acrescentou, “é um país que crê na não-ingerência nos assuntos de outros países” e é “um país pacífico”.

O embaixador afirmou que “os filhos da Guiné Equatorial com vocação política” têm “mais de cinco voos semanais” disponíveis para o país e “têm a portas abertas” para a participação política.

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“Não nos consta que o CORED seja um partido político e, se for, esperamos a sua contribuição onde tem de a dar, na Guiné Equatorial, porque está a falar de política da Guiné Equatorial”, sustentou.

Quanto à posição de Portugal sobre esta carta, Tito Mba Ada respondeu que “o Governo de Portugal, como tem de ser, tem os elementos em cima da mesa”.

No início do mês, foi anunciada a visita de Teodoro Obiang à sede da CPLP – a que a Guiné Equatorial pertence desde 2014 -, em Lisboa, mas o chefe de Estado equato-guineense cancelou depois a viagem, embora mantenha a intenção de se deslocar a Portugal.

Na carta aberta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa, Raimundo Ela Nsang alerta para “a situação na Guiné Equatorial, que obviamente torna impossível que o Presidente Obiang seja recebido oficialmente por um mandatário ocidental”.