O alargamento do canal do Panamá, inaugurado há cerca de três semanas, vai criar mais tráfego marítimo em Sines, segundo o presidente da administração portuária, João Franco, que espera um aumento de 200 navios por ano.

“Estimamos cerca de 200 navios a mais por ano”, disse à agência Lusa João Franco, referindo-se aos chamados mega porta-contentores, com capacidade para 9400 TEU (unidade de medida equivalente a 20 pés), mas também aos navios “que fazem o transbordo dessas mercadorias para outros destinos”.

“Sines aqui é central, porque é um ponto de distribuição, é um grande ´hub` internacional e isto vai significar um incremento obviamente [da movimentação] no porto de Sines”, afirmou o responsável da infraestrutura portuária. O porto de Sines recebe pela primeira vez, no dia 26 deste mês, um navio porta-contentores com capacidade para 9400 TEU, integrado numa nova rota da MSC que aproveita o alargamento do canal do Panamá, fundindo duas linhas de transporte marítimo que o armador já disponibilizava.

“O MSC Chloe (…) vai inaugurar este serviço cuja rotação completa passa por Roterdão, Antuérpia, Tilbury, Hamburgo, Bremerhaven, Antuérpia, Sines, Freeport, Cartagena, Cristobal, Balboa, Buenaventura, Callao, Coronel, Valparaíso, Callao, Balboa, Freeport, Filadélfia e regresso a Roterdão”, divulgou a MSC em comunicado.

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Segundo o armador, o navio deverá demorar nove dias a chegar a Freeport, 13 dias a Cartagena, 15 a Cristobal, 16 a Balboa, 19 a Buenaventura, 23 a Callao, 27 a Coronel e 29 a Valparaíso, atravessando do oceano Atlântico para o Pacífico pelo canal do Panamá.

O canal do Panamá, que antes podia ser navegado por navios com capacidade até 4500 TEU, passou a ter capacidade para navios “até 12500 a 13000 TEU”, destacou o presidente do concelho de administração do porto de Sines.

“Isto vai permitir o comércio com maior competitividade, com mais baixo custo unitário de transporte”, lembrou, considerando que isso “aumenta substancialmente a competitividade dos portos daquela região” e contribui ainda para um “incremento do comércio marítimo internacional da costa Oeste das Américas para os destinos do Atlântico e também o inverso”.

Este impacto, esperado por João Franco também em Sines, deverá “ter reflexos em 2016 ainda”, mas a “reformulação das rotas, atendendo à nova capacidade do canal do Panamá, vai sentir-se mais significativamente em 2017”.

Sines lidera atualmente a movimentação de carga nos portos portugueses, com 53% da carga movimentada a nível nacional, segundo os dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes divulgados em junho, referentes ao primeiro quadrimestre do ano.