A viagem de Francisco à Polónia, de 27 a 31 de julho, para as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), vai ser dominada pela alegria de dois milhões de jovens e o silêncio do papa em Auschwitz e Birkenau.

Francisco, que não conhece a Polónia, vai celebrar cerimónias como a vigília e a missa no Campus da Misericórdia, um local criado para a ocasião, onde a organização espera receber a presença de entre milhão e meio e dois milhões de jovens, anunciou esta quarta-feira em conferência de imprensa o porta-voz do Vaticano.

De acordo com o porta-voz da Conferência Episcopal Polaca, presente no encontro com os jornalistas, estão oficialmente inscritas 335 mil pessoas, oriundas de todo o mundo, mas muitos vão para a Polónia por conta própria.

Federico Lombardi, que acompanha pela última vez o papa antes de se retirar, em agosto, afirmou que Francisco chega ao aeroporto João Paulo II de Cracóvia, às 16:00 (15:00 em Lisboa) no dia 27, seguindo para o palácio de Wawel para um encontro com as autoridades polacas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No local, pronuncia o primeiro discurso da visita e reúne-se com o Presidente polaco, Andrzej Duda. Em seguida, o papa é recebido na catedral da cidade pelo cardeal-arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, antigo secretário de João Paulo II.

Naquela catedral decorre um encontro informal, sem discursos e à porta fechada, com os bispos locais.

A novidade desta viagem é a saudação do papa, todas as tardes, a partir de uma janela do arcebispado, onde fica alojado.

Em outras ocasiões, a saudação do papa aos presentes era algo espontâneo, mas agora foi decidido organizar estas saudações e todas as tardes, além das pessoas que esperam ver Francisco, um grupo de peregrinos será convidado a estar presente, como doentes ou recém-casados.

No dia seguinte, o papa viaja de helicóptero para o santuário de Jasna Gora, em Czestochowa, local de veneração da Virgem negra, da qual João Paulo II era muito devoto.

No santuário de Czestochowa, um dos mais visitados pelos fiéis polacos, o papa celebra uma missa por ocasião dos 1050 anos do batismo da Polónia.

Este dia termina com o regresso a Cracóvia e, no parque Jordan, Francisco tem um primeiro encontro com os jovens participantes nas JMJ. Para chegar a este local, o papa vai usar um elétrico ecológico, onde viaja na companhia de algumas crianças com deficiência.

Na sexta-feira, dia 29 de julho, o papa lembra o holocausto, com uma visita de cerca de duas horas aos campos da morte nazis de Auschwitz e Birkenau.

Mais de um milhão de pessoas morreram nestes campos, onde Francisco, ao contrário dos antecessores que visitam estes locais, decidiu manter-se em silêncio.

O papa encontra-se com dez sobreviventes do holocausto e com 25 Justos entre as Nações, não-judeus que puseram a vida em risco para salvar judeus do extermínio nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

Em Auschwitz, o papa argentino percorre os lugares que lembram São Maximiliano Kolbe, o sacerdote polaco que morreu no campo depois de se oferecer para tomar o lugar de outra pessoa.

Francisco vai rezar na cela onde o santo polaco morreu de fome e Lombardi lembrou que nesse dia se assinalam os 75 anos da condenação de Kolbe à morte.

As únicas palavras do papa vão ficar escritas no livro de honra do campo, acrescentou.

No mesmo dia, visita ainda o hospital pediátrico de Prokocim e à noite celebra uma Via Sacra com os jovens no parque Jordan.

No sábado, Francisco visita o convento onde está enterrada Santa Faustina Kowalska, deslocando-se, em seguida, ao santuário da Divina Misericórdia para confessar alguns jovens e celebrar missa na nova igreja dedicada a João Paulo II.

Depois de um almoço com 12 jovens, em representação dos cinco continentes, no arcebispado, o papa celebra uma vigília de oração com os jovens a quem dedicará o seu discurso, no Campus da Misericórdia.

No domingo celebra uma missa e, à tarde, encontra-se com os voluntários na arena Tauron antes de regressar a Roma, onde aterra às 20h30 (19h30 em Lisboa).

O porta-voz do Vaticano afirmou que a questão da segurança não preocupa a organização da visita do papa, e os preparativos decorrem com total “normalidade e tranquilidade”.

A 31.ª JMJ tem como tema “Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” e deverá contar com a participação de cerca de sete mil jovens portugueses, de acordo com a agência Ecclesia.