A ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, classificou como “muitíssimo perigosa” a forma como o Governo socialista de António Costa está a lidar com o sistema financeiro, a propósito de uma questão relativa ao Novo Banco.

“A forma como este Governo está a lidar com o sistema financeiro é absolutamente irresponsável e muitíssimo perigosa”, disse Maria Luís Albuquerque, à margem da Grande Conferência Europa, uma iniciativa do Diário de Notícias e da Vodafone, em Lisboa, quando questionada sobre divergências no que diz respeito ao Novo Banco.

O executivo socialista de António Costa informou na segunda-feira a Comissão Europeia de que “não considera a possibilidade” de realizar uma nova ajuda estatal ao Novo Banco, acrescentando que, se o banco não for vendido até agosto de 2017, entra num processo ordeiro de liquidação.

A ex-ministra do Governo social-democrata de Pedro Passos Coelho reforçou que “aquilo que tem sido dito é muito grave pelo impacto que tem sobre a consequência” e afirmou que espera “que seja possível evitar consequências mais sérias”.

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“O sistema financeiro, mais do que qualquer outro setor de atividade vive de confiança. Não há motivo nenhum que possa justificar declarações por parte de responsáveis do Governo, das Finanças e de um primeiro-ministro que ponham em causa a confiança no sistema financeiro. As consequências para o sistema financeiro do país podem ser terríveis e isso não é uma questão de política partidária, é uma questão de responsabilidade política”, afirmou.

O primeiro-ministro, António Costa, recusou na quarta-feira antecipar cenários sobre o Novo Banco e, quando confrontado com as declarações do ministro das Finanças, Mário Centeno, de que o banco poderia ser alvo de um processo de liquidação caso não seja vendido até agosto de 2017, o líder do executivo invocou a legislação aplicável a este caso e considerou que o ministro Mário Centeno afirmou apenas “aquilo que resulta da lei”.

Questionado se a atuação do Governo, sobretudo na sequência das declarações de Mário Centeno, não está a colocar o Novo Banco entre a espada e a parede, o primeiro-ministro recusou essa perspetiva, contrapondo que quem fez isso “foi quem o quis vender à pressa antes das eleições e desvalorizou-o, fracassando na venda, e quem não tratou sequer de aumentar o prazo disponível para vender o banco”.

Já na terça-feira, o líder parlamentar do PSD disse haver uma instabilidade “muito preocupante” no sistema financeiro e bancário, potenciada pelo Governo, dando como exemplos notícias que se “multiplicam” sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ou o Novo Banco.