Mônica Moura, empresária e mulher do ex-publicitário do PT, João Santana, afirmou à justiça brasileira que o partido recebeu um “saco azul” de 4,08 milhões de euros a partir de uma doação não registada durante a campanha eleitoral.”Foi caixa dois mesmo”, revelou Moura, citada pelo site G1.

Segundo Mônica, o pagamento foi realizado pelo engenheiro Zwi Skornick para pagar uma dívida do PT durante a eleição presidencial de 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita pela primeira vez.

Ficou uma dívida de quase R$ 10 milhões [2,77 milhões de euros] que não foi paga e que demorou e foi protelada e eu cobrei muito essa dívida. Depois de dois anos de luta, tive uma conversa com o Vaccari [João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT], que era a pessoa responsável pelos pagamentos, era o tesoureiro na época da campanha, era quem acertava comigo. Ele me mandou procurar um empresário que queria colaborar com o partido e que ia pagar essa dívida de campanha, foi assim que eu cheguei ao senhor Zwi”, relatou.

Moura disse ainda que não sabia a origem do dinheiro, quando o recebeu. “Nunca soubemos de Mensalão, de propinas na Petrobrás. Somos publicitários, nunca recebi propina, sempre recebi pelo meu trabalho. Não sou agente público, não sou política, não sou empreiteira. Sempre trabalhei para partidos políticos fazendo campanha”, explicou, citada pelo jornal Estadão.

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A empresária, no entanto, reconheceu que “não é totalmente inocente”. “Infelizmente, não posso dizer não sou totalmente inocente, recebi de uma forma ilícita, aceitei um jogo que infelizmente impera na minha atividade. Esse é o meu grande erro”, confessou.

O depoimento de Moura foi feito durante uma audiência judicial realizada no âmbito da Operação Lava Jato, na qual é ré, acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A empresária encontra-se detida em Curitiba, enquanto responde aos processos. Na sessão, disse que estaria disposta a colaborar com a Justiça nas investigações, “mas só o fará com acordo assinado”.

Já o seu marido, João Santana, foi responsável pelas campanhas eleitorais de Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2006 e 2014. É acusado de ter recebido, através de offshores, 1.95 milhões de euros da Odebrecht, empresa alvo da Operação Lava Jato, através de um alegado sistema de corrupção. Santana encontra-se detido em Curitiba.

Segundo o jornal Estadão, a assessoria de imprensa de Dilma Rousseff informou que não iria se manifestar sobre a denúncia este momento.