O ciclista José Mendes, um dos quatro portugueses presentes na prova de fundo de ciclismo de estrada do Rio 2016, disse querer estar na “máxima condição física” para dar o “melhor”, caso tenha de assumir a “responsabilidade”.

O atual campeão nacional de estrada, pela primeira vez presente nos Jogos Olímpicos, aos 31 anos, referiu que os quatro atletas convocados – Rui Costa, Nélson Oliveira e André Cardoso, além do próprio -, “têm condições de fazer uma excelente prova” a 6 de agosto, pretendendo, a título individual, “cumprir” o que lhe for “pedido”.

“Espero estar na máxima condição física e num dia bom e cumprir com aquilo com que me for pedido, se tiver de ajudar a equipa a conseguir um bom resultado. Se com o desenrolar da prova, a responsabilidade cair em cima de mim, vou tentar dar o meu melhor”, disse, em entrevista à agência Lusa.

O corredor de Guimarães revelou que a tática da corrida só ficará definida após uma reunião com todos os elementos no Brasil, mas antecipou que o objetivo pode passar por “apoiar” Rui Costa a “tentar conseguir a desejada medalha”, até “pelos resultados que tem conseguido”, apesar de crer que todos podem “fazer uma excelente prova”.

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“Como em todas as provas, nunca se sabe ao certo o desenrolar da corrida e tem de haver sempre um plano ‘B’. Somos quatro atletas que têm condições de fazer uma excelente prova, e só lá se poderá ver o desenrolar da corrida”, salientou.

O ciclista da equipa alemã Bora-Argon 18 admitiu igualmente que o percurso de 256,4 quilómetros de extensão, sobre o qual recebeu informações de ser “bastante duro”, “favorece” a seleção.

José Mendes descreveu a convocatória para os Jogos Olímpicos como “um orgulho” e o “realizar de um sonho”, revelando-se motivado por “vestir a camisola de Portugal” no Rio de Janeiro, mas garantiu que ficou a conhecer a decisão do selecionador José Poeira no dia em que foi divulgada, a 4 de julho.

“O selecionador guardou os quatro que iriam aos Jogos Olímpicos até ao último dia. Foi falando comigo, e penso que com os outros atletas também, para saber o estado de forma. Não sei quando é que tomou a decisão, mas fiquei a saber no próprio dia em que foi tornado público”, disse.

O corredor vimaranense, apesar de estar a viver a “melhor temporada de ciclista profissional”, com a conquista inédita do campeonato nacional, em junho, e a chamada para o Rio 2016, teve um início de época “atribulado”, com uma doença que o impediu de competir em fevereiro e em março.

“Tive alguns problemas de saúde, que, felizmente, consegui ultrapassar. Depois de ultrapassar esse problema, apareci ainda mais forte, com mais vontade, e as coisas têm corrido bastante bem. É continuar a trabalhar para confirmar a melhor temporada da minha carreira”, afirmou.

O atleta apareceu em bom plano, em maio, na Volta à Noruega, com um sexto lugar na geral, e, em junho, na Volta à Eslovénia, com um sétimo, e garantiu que a ajuda da equipa e da família foram essenciais para a recuperação.

“Penso que foi importante a tranquilidade e a estabilidade. A minha equipa apoiou-me a 100%, a minha família esteve sempre ao meu lado e ajudou-me muito. Depois, no regresso à competição, foi pouco a pouco. A equipa nunca me impôs pressão em nada, e os resultados foram surgindo”, explicou.

O corredor inicia, duas semanas depois da prova olímpica, a participação na Volta a Espanha, a 20 de agosto, tendo referido que a presença no Rio 2016 pode beneficiar a prestação na ‘Vuelta’, até porque vai “um bocado ao encontro” das “etapas bastante duras” no país vizinho.

“O que há que saber gerir melhor é o desgaste das viagens, tanto para os Jogos Olímpicos, como quando voltar para a Volta a Espanha, para que possa estar recuperado e no meu melhor”, reiterou.