Rolls-Royce é sinónimo de luxo desde 1904. Já Michael Schumacher é sinónimo de competitividade máxima, desde que se estreou no desporto automóvel. Ninguém contesta que o antigo piloto de Fórmula 1, sete vezes campeão na categoria rainha, não gostava de perder nem a feijões. O acidente que sofreu nos Alpes Franceses, quando esquiava em 2013, leva-o agora a travar outra luta: a da recuperação – fruto das graves lesões cerebrais que o chegaram a remeter, inclusivamente, ao coma. A família tem sido um importante aliado neste combate, e a mulher, Corinna Betsch, a estratega da guerra. De acordo com a imprensa internacional, foi ela quem assumiu as rédeas do império financeiro do alemão e foi ela quem decidiu colocar à venda o jacto privado e uma casa de férias da família na Noruega, alienados por um montante estimado em 25 milhões de euros.

Ao que o Observador apurou, no ano passado foi a vez de dizer “adeus” a um Rolls-Royce Phantom Coupé, de Junho de 2011. O proprietário da Platinum Auto, empresa no Algarve que se dedica à comercialização de usados desde 2003, terá adquirido directamente o veículo à família. Embora o empresário se tenha escusado a prestar-nos declarações, o Observador sabe que este Rolls-Royce chegou a estar em exposição em Almancil (Avenida Duarte Pacheco, 214) até ao final do ano. E, se o Google não mente, basta fazer uma pesquisa combinando as expressões “Platinum Auto” e “Rolls Royce Phantom”, para ter como primeiro resultado o antigo inventário da Platinum, onde o coupé que terá pertencido a Michael Schumacher se encontrava à venda por 349.950€. Se fizer este exercício e andar com o cursor um pouco mais para baixo, verá ainda que o carro também esteve à venda no Auto Sapo (quinto resultado). Na altura, anunciava 8.564 km. Agora marca 9.000 km. Vítor Oliveira, proprietário do stand Altamontra, localizado em Avintes (Vila Nova de Gaia), comprou-o em Fevereiro e não resistiu a dar umas voltinhas nesta máquina, animada por um motor atmosférico V12 a gasolina com 460 cv de potência e 6750 cm3. Diz ter ficado “muito impressionado” com o desempenho do modelo britânico que, entre outros elementos, conta com volante em pele, acabamentos em madeira, câmara de marcha-atrás, computador de bordo, caixa automática e sistema de chave inteligente.

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A assinatura do antigo piloto de Fórmula 1 personaliza o interior do Rolls

Tem mais uns quilómetros, mas “valorizou”: agora está à venda por 390.000€. O valor, sublinha o comerciante, é negociável. E, desde que o anúncio foi colocado online, interessados não têm faltado. A romaria até ao stand em Avintes, também não. “Já apareceram muitas pessoas para ver o carro e tenho recebido alguns emails, mas ainda não tenho nenhuma proposta firme”, adianta Vítor Oliveira. Segundo ele, só amanhã receberá as estatísticas referentes às visualizações que o anúncio já teve, o que lhe permitirá ter uma “noção mais exacta” do interesse que este Rolls Royce está a despertar. Tanto mais que exibe uma placa com a assinatura de Michael Shumacher gravada. O que, acredita Vítor Oliveira, deverá “chamar a atenção de investidores e coleccionadores”.

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Vão-se os anéis

A recuperação do heptacampeão de Fórmula 1 permanece envolta em mistério. O pouco que se sabe resulta de uma espécie de “puzzle” de notícias que vão saindo acerca do estado de saúde do antigo piloto. Umas nunca confirmadas, outras contestadas pela família até nos tribunais.

Certo é que, na sequência do acidente em Dezembro de 2013, Schumi ficou com graves lesões cerebrais, que o mantiveram em coma induzido durante meses. De acordo com as mais recentes informações avançadas pelo site britânico “Express”, o trauma sofrido foi de tal forma complexo que o antigo piloto está completamente dependente de cuidadores. Uma equipa de 15 profissionais, composta por médicos, nutricionista e fisioterapeutas, trata de manter viva a esperança numa recuperação. Mas isso paga-se. A factura associada rondará, desde o acidente, os 24 milhões de euros, adianta a mesma fonte. Parte deste valor explica-se pela suite médica instalada na própria casa de Schumacher, que terá custado mais de 14 milhões de dólares (12,7 milhões de euros), de acordo com a “FX News Call”, e pelo facto de a família ter procurado os maiores especialistas em neurologia na Europa e nos Estados Unidos da América. A isso há que somar despesas semanais crescentes que, neste momento, avança o “Express”, andarão na casa dos 180 mil euros por semana. Ou seja, 9.360.000€/ano.

Segundo a revista suíça de economia “Bilanz”, no ranking dos 300 mais ricos da Suíça, Schumi ocupa o 151.º posto, com uma fortuna avaliada em 750 milhões de francos suíços (690 milhões de euros). Ainda assim, bem longe do 50.º lugar de Bernie Ecclestone, o líder da tabela dos mais abonados na área da Fórmula 1. Mas com este número, mesmo num estado de saúde crítico, Schumacher continua a bater (em euros) pilotos no activo, como é o caso de Kimi Räikkönen e de Sebastian Vettel, ambos com uma fortuna orçada entre os 91 e os 137 milhões de euros.