Cabo Verde lançou hoje uma campanha nacional de sensibilização e prevenção contra doenças transmitidas por mosquitos, que vai decorrer antes, durante e depois da época das chuvas que se avizinha. A campanha, orçada em 176 mil euros, consiste no reforço das atividades de sensibilização, limpeza dos bairros em todos os municípios do país, que desde setembro último enfrenta uma epidemia de zika, já com mais quase 7.600 casos suspeitos e 14 casos de microcefalia.

Em 2009, o país enfrentou uma epidemia de dengue, com mais de 20 mil casos e seis mortos, com infeções causadas pelo mesmo mosquito que transmite febre-amarela e chikungunha. Durante a apresentação da campanha, o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, lembrou que, desde dezembro último, se regista uma epidemia de febre-amarela em Angola, país com frequentes ligações aéreas com Cabo Verde e que a mobilidade de pessoas e bens aumenta o risco de introdução da doença no arquipélago.

Arlindo do Rosário garantiu, entretanto, que todas as medidas estão a ser tomadas para evitar a entrada da doença no país, nomeadamente nos aeroportos, vacinação dos passageiros, vigilância e controlo de entradas e saídas que são feitos pelas delegacias de saúde. O ministro da Saúde salientou que as doenças transmitidas por mosquitos são uma “ameaça” para o mundo e para Cabo Verde em particular, uma vez que o país tem vulnerabilidades para a existência e proliferação dos mosquitos transmissores.

Considerando que as epidemias testam a capacidade de resposta do país, o governante disse que são precisas “ações concertadas, incisivas e permanentes” e que envolvem todas as entidades do país. Por sua vez, o ministro do Ambiente, Gilberto Silva, referiu que as doenças transmitidas por mosquitos não são apenas ao nível da saúde, mas também ambientais, causando ainda um “grande problema económico” ao país.

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Por isso, o ministro disse que não é preciso só constatar, mas sim é necessário “tomar medidas de longo prazo”, como a melhoria do saneamento básico, gestão dos resíduos sólidos, das águas pluviais, das casas e informar a população, para que esta seja parte da solução. “Convém resolver esses problemas antes, durante e depois das épocas das chuvas”, apelou o ministro, pedindo ainda uma “visão holística” para resolver os problemas.

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reforçou as ideias, dizendo que a luta contra os mosquitos deve ser “permanente” e “consistente”, envolvendo vários parceiros, como a comunicação social, escolas, organizações e associações da sociedade civil, câmaras municipais, famílias, igrejas, etc.

Salientando que muitos dos fatores que geram as doenças provocadas por mosquitos têm a ver com comportamentos e atitudes diárias de pessoas e de empresas, Ulisses Correia e Silva disse ser necessário que a autoridade municipal funcione. O primeiro-ministro notou que as doenças transmitidas por mosquitos são uma “ameaça à qualidade de vida das pessoas e à economia do país”, cujo motor é o turismo.

Para reforçar a capacidade dos municípios na área sanitária, o chefe do Governo referiu que no orçamento de Estado, aprovado há dez dias, se estipulou a transferência de 60% da taxa ecológica, para os municípios poderem ter recursos para aplicar no saneamento, recolha de lixo e drenagem das águas pluviais.