O autoproclamado Estado Islâmico reivindicou o atentado ocorrido neste sábado em Cabul e que provocou, pelo menos, 80 mortos e 231 feridos. O atentado ocorreu durante uma manifestação da minoria hazara xiita em Cabul e as mortes são muitas mais do que se calculou logo após o incidente.

Três combatentes do Estado Islâmico fizeram rebentar os cintos explosivos que carregavam durante uma manifestação xiita no bairro Dehmazang, em Cabul, no Afeganistão. Inicialmente, o número de mortos provocados pelo ataque suicida, em Cabul, numa manifestação pacífica, foi estimado em 31, tinha dito o porta-voz do Ministério da Saúde do Afeganistão, Ismail Kawsi.

Um jornalista que está no local, citado pela BBC, disse que havia sangue e pedaços de cadáveres por todo o lado. A explosão foi muito forte. O presidente afegão, Ashraf Ghani, diz-se “profundamente triste” com a explosão durante uma manifestação pacífica. “Os protestos pacíficos são um direito de todos os cidadãos, mas os terroristas oportunistas infiltraram-se nas multidões e concretizaram o ataque, matando e ferindo vários cidadãos, incluindo forças de segurança”.

“Morte à discriminação” era o lema desta manifestação, que protestavam porque uma linha elétrica que vai do Turquemenistão até Kabul não passa nas províncias de Bamyan e Wardak. Corpos mutilados estavam espalhados pela área do ataque, enquanto ambulâncias tentavam chegar ao local, ultrapassando as barreiras das forças policiais, que bloqueavam os pontos-chave para controlar os movimentos dos manifestantes.

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As vítimas do ataque sobrecarregaram os hospitais da cidade, segundo as autoridades, e multiplicavam-se os apelos à doação de sangue, divulgados pela comunicação social. Os talibãs já negaram qualquer envolvimento no ataque. “Dois combatentes do Estado Islâmico fizeram rebentar os cintos explosivos que tinham durante uma manifestação xiita no bairro Dehmazang, em Cabul, no Afeganistão”, foi anunciado através da agência Amaq.

Os serviços secretos do Afeganistão disseram que o ataque foi organizado por Abu Ali, um comandante do Estado Islâmico em Nangarhar. A manifestação pacífica era essencialmente composta por xiitas hazaros, que protestavam contra a localização de uma linha de alta tensão, considerando que ignora a sua comunidade.

“O horroroso ataque a um grupo de manifestantes pacíficos, em Cabul, demonstra o desrespeito que estes grupos armados têm pela vida humana”, refere uma declaração da Amnistia Internacional. Para a organização, estas situações “vêm lembrar que o conflito no Afeganistão não está a abrandar, como alguns acreditam, mas a aumentar” com consequências que deviam “alarmar todos”.