Morreu Artur Correia, antiga glória do futebol português da década de 70. Conhecido como “ruço”, pelo seu cabelo loiro, Artur Correia vestiu a camisola pelo Benfica, Sporting e pela Académica e foi também jogador da Seleção Nacional. Estava, desde a semana passada, internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em coma, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC).

Há muito que o ex-futebolista, de 66 anos, sofria de problemas circulatórios e já em junho do ano passado tinha visto ser-lhe amputada a perna esquerda.

Nascido a 18 de abril de 1950, o lateral direito começou a carreira no Futebol Benfica (Fofó), de lá foi transferido para os juvenis do Benfica, onde jogou com Humberto Coelho, Vítor Martins, Nené, entre outros jogadores. E em 1967/68 levantou a taça nacional pelos juniores.

Mudou-se depois para a Académica — porque queria tirar o curso de Medicina — e por lá ficou três anos, sem chegar a tirar o curso. Em 1971 voltou ao Benfica, clube do qual era sócio desde o primeiro aniversário, entrando para a equipa principal. Jogou na Luz seis anos, conquistando cinco campeonatos.

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Acabou por sair do Benfica, no término do seu contrato, e após meses parado na sequência de uma pleurisia (inflamação da pleura), rumando ao Sporting.

Estreou-se na seleção nacional em 1972, na Minicopa, e foi considerado então o melhor lateral direito da competição. Somou, ao todo, 34 internacionalizações.

No final da década de 70 (1979), foi jogar para os norte-americanos New England Tea Men, onde ficou por duas épocas. E, já nos Estados Unidos, sofreu um AVC, aos 29 anos, que lhe pôs fim, precocemente, à carreira. Em 1981, um ano depois de abandonar os relvado, recebeu a Ordem do Infante do Presidente da República, Ramalho Eanes.

Benfica e Sporting lamentam a morte do antigo jogador

O Benfica publicou, na sua página oficial, um texto de homenagem a “ruço”. Descrevendo-o como “um defesa direito de exceção”, o clube da Luz lembra que o jogador foi “considerado já na década de 70 um ‘lateral moderno’, pois fazia todo o flanco a defender e a atacar”. Stefan Kovacs, treinador do Ajax, considerou-o então “o melhor defesa direito da Europa”.

“Era descrito como um inconformado, irreverente, jogador aguerrido, pleno de força e raça, e que defendia com “unhas e dentes” … e com a alma a camisola que envergava.”

Também o Sporting, numa nota publicada no seu site, lamenta a morte “de uma das grandes figuras do futebol nacional na década de 70”.

“Artur jogava com alma, determinação e vontade de vencer”

O ex-futebolista Toni, em declarações à RTP, frisa que desde esse acidente “a vida do Artur foi sempre a andar para trás. Tirou-lhe mobilidade, todo o lado esquerdo ficou afetado, mas não lhe tirou a vontade de viver”. ”

Toni descreve o “ruço” como alguém que “jogava com alma, determinação, vontade de vencer”. “Era alguém que irradiava uma alegria extraordinária a jogar.” E alguém que fazia amigos com muita facilidade.

Quanto à passagem de Artur Correia do Benfica para o Sporting, Toni diz que foi “anti-natura” e que só foi possível porque “os dirigentes da altura não perceberam que este homem não podia sair do Benfica”. “Ele jogou à Benfica a jogar pelo Sporting.”