O ministro do desporto da Rússia, Vitali Muktó, pediu ao presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAA), Sebastian Coe, que reconsidere a decisão de vetar os atletas do seu país nos Jogos do Rio 2016.

“Peço-lhe que defenda os atletas russos limpos e lhes conceda a possibilidade de competir nos Jogos Olímpicos, nomeadamente aqueles desportivas que cumprem plenamente os critérios estabelecidos pelo Comité Olímpico Internacional (COI)” escreveu, em carta dirigida ao dirigente britânico.

No domingo, o COI fixou como principal requisito aos desportistas russos para ir ao Rio 206 o facto de nunca terem sido sancionados por doping e serem ainda submetidos a análises por parte de agências antidoping internacionais.

O governante destacou o facto de a federação de atletismo ter sido totalmente renovada e não permanecer qualquer dirigente implicado em casos de doping, considerando que os problemas de doping vêm dos tempos da União Soviética: assegura que agora a Rússia está comprometida com o desporto limpo.

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Falou ainda da comissão independente criada a passada semana pelo presidente russo, Vladimir Putin, e adiantou que o país está disposto a criar um novo sistema estatal contra o flagelo do doping, mediante as regras da Agência Mundial Antidopagem (AMA).

“A responsabilidade deve ser individualizada e todos os desportistas com a consciência tranquila não devem pagar pelas violações de outros”, acrescenta.

Mutkó recordou que, cumprindo com os critérios do COI, os atletas russos submeteram-se no mínimo a três análises independentes da IAAF nos últimos seis meses.

Por isso, considera um erro que sejam punidos, de forma coletiva, lendas do desporto mundial como a dupla campeã olímpica do salto com vara, Yelena Isinbáyeva, “que tem uma reputação intocável, confirmada pelos numerosos testes a que foi submetida”.

O COI entregou no domingo às federações de modalidades a decisão de aceitar ou excluir atletas russos nas competições dos Jogos Olímpicos Rio 2016, facto criticado pela AMA, “desapontada pelo facto do COI não ter tido em consideração as recomendações” do seu comité executivo “suportados pelas conclusões do ‘relatório McLaren’ e que teriam assegurado uma abordagem forte e harmoniosa”.

A decisão contrária à exclusão total dos atletas russos foi tomada precisamente depois de a comissão executiva do COI ter analisado um relatório divulgado na passada segunda-feira pela AMA, segundo o qual o Governo russo dirigiu um programa de dopagem no desporto com apoio estatal, com participação ativa do ministro do Desporto e dos serviços secretos.

Na passada quarta-feira, o Comité Olímpico Russo (COR) anunciou a lista de 387 atletas de 30 modalidades selecionados para o Rio2016, que incluía os 68 cujo recurso foi rejeitado pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), quanto à exclusão coletiva imposta pela Associação de Federações Internacionais de Atletismo, por violações ao código antidopagem e à carta olímpica.

A Rússia, segunda potência mundial do atletismo, atrás dos Estados Unidos, foi suspensa em novembro de 2015 após um ‘demolidor’ relatório independente da AMA, que denunciava um esquema de doping institucionalizado no país.