Se há uma imagem característica de Júpiter, o maior planeta do sistema solar, é uma Grande Mancha Vermelha distinta na sua superfície. Esta tempestade gigante pode ser a fonte de energia que aquece a atmosfera por cima dela, conforme um artigo publicado esta quarta-feira pela Nature.
“Reportamos que a atmosfera superior acima da Grande Mancha Vermelha – a maior tempestade do sistema solar – está centenas de graus mais quente que qualquer outro sítio no planeta”, escreveram os autores no artigo. “Este hotspot [ponto quente], por exclusão de partes, tem de ser aquecido por baixo, e esta deteção é um forte indício de que há uma ligação entre a atmosfera inferior e superior de Júpiter, provavelmente como resultado das ondas acústicas e gravitacionais que se propagam em sentido ascendente.”
A temperatura da atmosfera nos planetas gigantes do sistema solar é muito maior do que que seria de esperar caso se considerasse o Sol como a única fonte de calor. Até ao momento, os cientistas têm tido alguma dificuldade em explicar esta discrepância. A equipa de James O’Donoghue, investigador da Universidade de Boston, conseguiu agora explicar pelo menos um pico de calor na atmosfera de Júpiter.
A grande mancha vermelha tem duas vezes o tamanho da Terra e foi observada pela primeira vez em 1667 por Giovanni Domenico Cassini. Na altura, o astrónomo italiano chamou-lhe “Mancha Permanente” porque a mancha parecia manter-se inalterada. Porém, em 2015, as imagens do Telescópio Espacial Hubble mostraram que a mancha estava a diminuir de tamanho.