Uma nota da unidade de contra-terrorismo francesesa (UCLAT), intitulada “Ameaça contra o território nacional”, divulgada a 22 de julho (quatro dias antes do ataque a uma igreja) através de todos os serviços de polícia franceses, indica que as autoridades receberam a indicação de um serviço de informações estrangeiro de que “um indivíduo que já teria entrado no território estaria prestes a cometer um atentado em solo francês“. A declaração vinha acompanhada de uma imagem de um homem muito parecido com Nabil Abdel Malik Petitjean, um dos terroristas mortos pela polícia após o ataque e que só foi identificado depois, noticia o Libération.

Nabil Abdel Malik Petitjean, um dos dois atacantes à igreja de Saint-Etiénne-du-Rouvray, no norte da França, escapou às autoridades antiterroristas francesas durante seis semanas, refere o Le Figaro de acordo com fonte próxima da investigação.

O jovem de 19 anos havia sido intercetado na Turquia no passado dia 10 junho quando tentava chegar à Síria. O impedimento de chegar ao seu destino final não o impediu, porém, de regressar a França sem desencadear sobre si qualquer suspeita. Os serviços secretos turcos só denunciaram a situação aos homólogos franceses no final do mês passado.

Na sequência da denúncia, os serviços secretos acrescentaram imediatamente o seu nome ao “ficheiro S.” (Fiche S.) — uma lista de suspeitos de terrorismo ou de indivíduos que tivessem intenção de atravessar a fronteira em direção à Síria. O nome de Nabil Abdel Malik Petitjean entrou para a lista de potenciais terroristas no passado dia 29 de junho, mas nessa altura as autoridades francesas pouco mais sabiam sobre ele, pois ainda não possuíam qualquer indicação acerca da sua imagem.

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Só no sábado anterior ao ataque é que as autoridades conseguiram associar a cara da nota divulgada pela UCLAT a um nome. A associação aconteceu graças a um vídeo de um telemóvel apreendido numa rusga na casa de um outro suspeito de radicalização islâmica. Nas imagens, surge Nabil Abdel Malik Petitjean a declarar obediência ao Estado Islâmico. O adolescente de 19 anos não tinha cadastro e, portanto, as autoridades francesas não tinham as suas impressões digitais ou material genético nos registos. A sua identidade só foi efetivamente confirmada dois dias depois de ter levado a cabo o ataque, através do recurso ao ADN da mãe, com quem vivia em Aix-les-Bains. O apartamento da família foi revistado na noite de terça para quarta-feira e três elementos da família foram detidos, por se suspeitar serem eventuais cúmplices do jovem terrorista.

Nabil Abdel Malik Petitjean e Abed Kermiche, o outro atacante da igreja, também de 19 anos, foram abatidos pela polícia na sequência do ataque. Foi na casa de Kermiche que a polícia descobriu a carta de condução de mota de Petitjean. Os registos das chamadas telefónicas entre os dois revelam que se conheciam há pouco tempo, o que leva a crer que o ataque tenha sido encomendado por terceiros, refere o jornal The Guardian.