O monarca japonês, o Imperador Akihito, de 82 anos e saúde frágil, pode estar próximo de reduzir as suas funções, abdicando de grande parte do seu poder. Esta possibilidade foi posta em cima da mesa depois de fontes do governo terem dito a jornalistas que a Casa Real estava a preparar uma declaração ao povo japonês que pode acontecer já a 8 de agosto.

Segundo fontes confirmaram ao Japan Times, se esta declaração vier a acontecer, ela servirá para o Imperador explicar de que forma é que as suas funções vão ser alteradas. Para o Imperador Akihito abdicar ao trono, seria necessário alterar a Lei Imperial japonesa, uma possibilidade que está a ser estudada pelo governo, de acordo com aquele jornal. Ainda assim, também é possível que o raio de atuação do Imperador seja simplesmente reduzido, o que equivaleria a uma abdicação de facto em termos práticos.

O último monarca japonês a abdicar do trono foi o Imperador Kokaku, em 1817.

Por trás da decisão do Imperador Akihito, que começou por ser noticiada a 13 de julho depois de o monarca ter dado sinais dela à Casa Real, estarão motivos relacionados com a sua saúde. Atualmente com 82 anos, o monarca japonês foi tratado por cancro na próstata em 2002 e foi operado ao coração em 2012. No último ano, teve problemas cardíacos e uma gripe.

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O Imperador Akihito nasceu em 1933, tendo assumido o trono em 1989, sucedendo ao seu pai, o Imperador Hirohito, uma figura controversa cujo reino atravessou começou em 1928, tendo a atravessado a Segunda Guerra Mundial, na qual o Japão alinhou ao lado da Alemanha nazi.

Segundo o cientista político Koichi Nakano, da Sophia University em Tóqui, disse ao The Guardian, Akihito “foi o primeiro imperador do pós-guerra a fazer da Constituição [pacifista] e do seu papel símbolos da união nacional”.

“Olhando para o passado, juntamente com um grande remorso pela guerra, rezo para que esta tragédia nunca mais seja repetida e que, ao lado do povo, possa expressar as minhas condolências com aqueles que foram mortos em combate ou pela destruição da guerra”, disse o imperador Akihito, referindo-se à Segunda Guerra Mundial, que no Japão foi particularmente mortífera aquando dos bombardeamentos nucleares norte-americanos em Hiroxima e Nagasáqui.

Na linha de sucessão para ocupar o cargo de Imperador caso Akihito se afaste ou morra, está o príncipe Naruhito. Aos 56 anos, tem apenas uma filha, a princesa Masako, que, por ser mulher, não pode suceder-lhe no trono de acordo com as regras da Casa Real — o que tem criado algum debate em torno de uma alteração daquele código, mas sem resultados práticos para já.