Há novas pistas na investigação da Operação Marquês. Segundo o Diário de Notícias, o Ministério Público está a investigar as ligações indiretas entre José Sócrates e o amigo Carlos Santos Silva, com os olhares direcionados, mais especificamente, para a empresa XLM.

Escreve o DN que, segundo a Inspeção Tributária, esta empresa — pertencente a Santos Silva — terá servido de intermediária para fazer circular o dinheiro entre Santos Silva e Sócrates. O jornal cita mesmo o último relatório da auditoria de Paulo Silva, inspetor das Finanças que está a investigar o caso, onde se lê que a empresa XLM teve “como propósito permitir a distribuição de verbas a pessoas relacionadas com os arguidos José Sócrates e Carlos Santos Silva, em diversas situações do interesse pessoal e direto do primeiro”.

O único cliente da XLM era o Grupo Lena, sendo que a empresa pagava ainda avenças à ex-mulher de Sócrates, Sofia Fava, e a Ana Bessa, mulher do eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira. Lembra o DN que o filho de Silva Pereira chegou a estar um período com Sócrates em Paris a custas do ex-primeiro-ministro.

O DN dá ainda conta de outros documentos que revelam que o falecido irmão de José Sócrates, António Pinto de Sousa, teve um contrato de aluguer de longa duração de um carro, com uma empresa do Grupo Lena (Rentlei), pelo qual pagou, durante anos, uma prestação entre os 600 e os 720 euros. António Pinto de Sousa tinha um ordenado médio abaixo dos mil euros, afirma o DN. Os procuradores estão agora a tentar apurar a origem de vários depósitos feitos na conta bancária do irmão de Sócrates, através de multibanco.

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A equipa de Rosário Teixeira procura encontrar nestes novos ganchos, bem como na investigação dos negócios da PT, o que precisa para provar os crimes de que Sócrates é suspeito, nomeadamente corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. É que até agora o Ministério Público só terá encontrado uma única transferência direta de Santos Silva para o ex-primeiro-ministro, a 1 de setembro de 2010, no valor de 7.500 euros.

O prazo limite para a apresentação de resultados deste processo tinha ficado definido, pela Procuradoria-Geral da República, para 15 de setembro, mas em entrevista à SIC, esta semana, o diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, não deu certezas quanto ao prazo para ser emitido o despacho de acusação.

Na sequência dessa entrevista, José Sócrates convocou uma conferência de imprensa, para esta quinta-feira, em que disse que vai processar o Estado. “A única coisa que eu exijo da Justiça portuguesa e do diretor do DCIAP é que respeite a lei e o Estado de Direito. Ele não tem o direito, com aquela arrogância, de vir dizer na televisão: ‘logo se vê’. Como se o Estado se pudesse comportar com um indivíduo da forma que quiser. Ele não tem esse direito”, declarou José Sócrates.