O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, admitiu esta sexta-feira que o país “não está bem” e voltou a evocar a herança do anterior executivo para justificar um contexto difícil de governação nos próximos cinco anos.

“O país não está bem. Temos um contexto económico, financeiro e social difícil e é neste cenário que vamos governar”, disse Ulisses Correia e Silva durante a sua intervenção inicial no debate sobre o Estado da Nação, que decorre esta sexta-feira no parlamento cabo-verdiano.

Na intervenção, que durou mais de uma hora, o primeiro-ministro da nova maioria do Movimento para a Democracia (MpD), saída das eleições de março, passou em revista as dívidas e os compromissos financeiros herdados do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), sublinhando uma vez mais o crescimento da dívida pública e as dificuldades de financiamento que a degradação do risco soberano representa para o país.

Para Ulisses Correia e Silva a situação económica de Cabo Verde “é preocupante e sentida pelas famílias e empresas”, com várias empresas públicas em falência técnica

O primeiro-ministro apontou ainda o que considerou serem falhanços da anterior governação nas áreas dos transportes marítimos, agricultura, turismo, saúde e educação e mostrou-se preocupado com o “quadro social” existente no país.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Apenas o PAICV continua a negar a realidade” considerou.

Na resposta, a líder do PAICV, Janira Hopffer Almada considerou que o discurso do primeiro-ministro “já era esperado” e que pretende justificar o recuo em vários compromissos assumidos durante a campanha eleitoral.

A líder do PAICV instou Ulisses Correia e Silva a deixar de lamentar a situação herdada e a começar a governar, defendendo que após 15 anos de governação, o PAICV fez “mudanças estruturais” e deixou o país numa “situação confortável”.

Janira Hopffer Almada acusou ainda Ulisses Correia e Silva de estar a fazer uma limpeza na administração pública e contestou a escolha dos novos embaixadores para Portugal, Estados Unidos e Bélgica, criticando o facto de nestes postos e, em outros que se seguirão, como Espanha e Angola, se esteja a deixar de fora diplomatas de carreira, optando por embaixadores políticos.

O debate prossegue durante tarde desta sexta-feira.